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A primeira temporada foi interessante, mas demorou a pegar porque ficou tempo demais nas preliminares entre o insaciável rei inglês Henrique VIII (Jonathan Rhys Meyers) e Ana Bolena (Natalie Dormer). No entanto, na segunda temporada de "The Tudors", que estréia na próxima quinta no People+Arts, a história pega embalo. Tramas, traições, sexo e morte se multiplicam em meio à derrocada do catolicismo na Inglaterra do século XVI.

A série foi muito criticada por sua liberalidade ao tratar de temas históricos - na primeira temporada o cardeal Wolsey se suicida, quando na vida real ele morreu doente - mas, nesta retomada, algumas coisas são mostradas de modo mais fidedigno. Por exemplo, o modo como Sir Thomas More (Jeremy Northam) age ao se negar a dizer por que motivo se recusa a assinar o Ato de Sucessão (que legitimava Ana Bolena como rainha e declarava Henrique chefe da Igreja na Inglaterra), achando que, assim, será poupado de uma acusação de traição e da morte no cepo.

O drama de More se intensifica logo nos cinco primeiros episódios, ao mesmo tempo que a desgraça da rainha legítima, Catarina de Aragão (a bela Maria Doyle Kennedy, do filme "The Commitments"), abandonada à própria sorte. Não resisto a um spoiler (afinal, é uma série baseada em fatos conhecidos): a cena em que ela, às portas da morte, dita sua última carta a Henrique, ainda dizendo amá-lo e pedindo-lhe que preste atenção na salvação de sua alma, é de trazer lágrimas aos olhos. O texto é real, o que confrange ainda mais o coração.

A crueldade de Henrique com a primeira esposa é ímpar, e ele ainda chega ao requinte de enviar sua primogênita Maria (Sarah Bolger) - que mais tarde se tornará a rainha Maria, a Sanguinária - para ajudar a cuidar de sua filha com Ana Bolena, a pequena Elizabeth (a futura Elizabeth I). O que é verdadeiro.

Enquanto isso, a relação de Henrique VIII com Ana Bolena começa a passar por problemas. Depois de mover céu e terra para conseguir se casar com ela (o que faz em segredo, em 1533, com ela já grávida), o rei perde o interesse por ela quando nasce Elizabeth (mais uma menina, em vez de um varão). Isso desespera não só a própria Ana como seu pai, o ambicioso Thomas Bolena (Nick Dunning). Aliás, o pai dela era assim mesmo, dizem as crônicas históricas: fez de tudo para empurrar a família para o favor real. Numa caçada, Henrique passa a noite no castelo da família Seymour e conhece a bela Jane, por quem se apaixona à primeira vista.

Ao mesmo tempo, o Papa fica enfurecido com o fato de os clérigos católicos passarem a ser perseguidos no país e mexe os pauzinhos para reagir. Vivido pelo genial Peter O'Toole, o Papa rouba uma a uma todas as cenas em que aparece.

A história toda caminha para um terrível clímax, reservado para o episódio final. Alguns detalhes desse clímax são igualmente verídicos - como o uso da espada por um exímio carrasco francês.

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