Baitelli e Carvalhido duplicam o papel de Hedwig, enquanto Eline Porto faz um garoto| Foto: Divulgação
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Veja as informações desta e de outras peças de teatro no Guia Gazeta do Povo

Estava escrito nas estrelas. Evandro Mesquita sequer tinha visto o filme Hedwig – Rock, Amor e Traição (leia mais ao lado) quando o produtor Jonas Calmon Klabin lhe propôs adaptar e dirigir um musical para os palcos brasileiros. A ópera rock caiu como uma luva no estilo e visão de arte deste ator, compositor e cantor, que apresenta o resultado no Teatro da Caixa de quinta a domingo (veja o serviço completo do espetáculo no Guia Gazeta do Povo).

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A trama, que estreou em 1998 em Nova York, no circuito off-Broadway, fala de uma transexual da Berlim dos anos 80, que, na tentativa de seguir por amor um sargento do Exército norte-americano, se submete a uma cirurgia de mudança de sexo. A operação não dá certo – seu pênis não é completamente removido, de onde vem o subtítulo da peça, O Centímetro Enfurecido.

"Depois do convite, assisti e vi que não era um show de piadas de travestis. Tive interesse de contar essa história, do homem debaixo daquela peruca, que é superdramática", contou Mesquita à Gazeta do Povo, por telefone.

O fato de ser um musical rock se encaixou com a experiência do cantor na banda Blitz, na qual sua veia de ator deu origem a clipes dramatizados. As músicas, originalmente compostas por Stephen Trask para a peça de John Cameron Mitchell, também caíram no seu gosto.

Passaram-se então dois anos de tradução e lapidação das letras em português. "Para rolar mais redondo na boca e na língua. Sou compositor, tinha essa preocupação de que a versões ficassem orgânicas."

A batalha seguinte, como o astro a define, foi escolher o elenco. E aqui ele teve uma sacada que escapou às diversas outra versões surgidas mundo afora. Já que a protagonista não cabia em um só ator, que tal usar dois?

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"Assim tive mais possibilidades de carpintaria cênica. Não ficou só um cara num bar falando. As histórias se materializaram."

Os escolhidos para a atuação foram Pierre Baitelli e Felipe Carvalhido, que usam saltos que os elevam a quilômetros de distância de Eline Porto, que, por sua vez, interpreta um adolescente por quem Hedwig se apaixona, já nos EUA.

A dramaticidade da obra aumenta a partir desse encontro, quando o garoto rouba as músicas da alemã e com elas se torna um astro popular. A partir daí, a vida do protagonista se resume a seguir o ex-amante por onde quer que ele se apresente, sempre fazendo um show paralelo em qualquer portinha da vizinhança.

Para Mesquita, duplicar a personagem central foi o "grande achado" de sua adaptação, para narrar o drama de "um jeito pop e ao mesmo tempo cruel". Esta teria sido a opinião do compositor Stephen Trask, ao assistir o espetáculo em São Paulo.

Manter o fio de tensão que remete às histórias verídicas foi um "drible" no público, que, segundo Mesquita, muitas vezes busca o espetáculo esperando uma gozação com o tema da transexualidade. "A princípio, a pessoa acha que é uma coisa, mas vai entrando no universo da protagonista, vai se emocionando, e, de alguma maneira, se identifica com sua busca pelo amor sublime."

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O que é

O musical rock traz 11 canções, todas retrabalhadas em português, ao longo das quais a protagonista Hedwig conta as "roubadas" em que se meteu. A peça, que tem som ao vivo, foi indicada em sete categorias do Prêmio Shell, incluindo melhor ator (Pierre Baitelli) e som (Danilo Timm e Evandro Mesquita).

Musical: Hedwig e o Centímetro Enfurecido - Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Dias 26, 27 e 28, às 20 horas, e 29, às 19 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Classificação indicativa: 16 anos. Sujeito a lotação.