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Pierre Bergé não sabia nada sobre moda quando, um dia em 1958, sentou-se para assistir ao primeiro desfile da Christian Dior sob a égide do novo e jovem estilista do ateliê, Yves Saint Laurent.

Contudo, mesmo para seu olhar de leigo, ficou imediatamente claro que o jovem estilista tinha eletrizado o público.

"Apesar de não saber nada sobre moda, eu entendi que algo importante estava acontecendo", recordou Bergé, cuja colaboração com o Saint Laurent durou 50 anos, até a morte do estilista, em junho.

A primeira exposição pública da obra de Saint Laurent feita desde sua morte foi aberta no fim de semana no museu DeYoung, em San Francisco.

A coleção de 130 criações abrange 40 anos do trabalho do estilista, desde seus vestidos-trapézio criados para a Dior até seus famosos smokings e jaquetas safári que revolucionaram a moda feminina e consolidaram a grife Yves Saint Laurent como ícone da alta-costura inovadora.

"Saudado como o último estilista de uma era, Saint Laurent fez a ponte entre a era de ouro da alta-costura e a nova modernidade", dizem as notas da exposição.

Muitas mulheres elegantes eram fãs de Saint Laurent, incluindo a atriz francesa Catherine Deneuve, a princesa Grace de Mônaco e Bianca Jagger, que usou um smoking branco do estilista em seu casamento com Mick Jagger.

Enquanto Coco Chanel libertou a mulher das restrições dos corpetes, Yves Saint Laurent deu a ela "força e poder", segundo Bergé.

Criado para a cantora francesa Françoise Hardy em 1968, o smoking feminino pôs o símbolo de poder masculino de ponta-cabeça.

Mas Saint Laurent era igualmente hábil ao destacar o feminino, quer fosse num vestido de renda preta de 1990 com um ombro desnudo, preso na lateral por dois laços de seda cor-de-rosa, ou com seu célebre vestido de crepe de lã de 1970, com renda preta expondo as costas.

A exposição abrange peças da coleção da Fundação Pierre Bergé-Yves Saint Laurent, que tem 5 mil criações de alta-costura catalogadas e guardadas em Paris.

As pessoas que vêem a exposição podem acompanhar os experimentos de Saint Laurent com a escultura e a geometria a partir de 1988. Numa homenagem a Georges Braque, o corpete de um vestido de crepe de seda salmão é adornado com o bico de uma pomba feita de contas, cujas asas abertas sobem, formando uma gola dramática.

Mais de 20 anos antes, a coleção de 1965 do estilista já incluíra sua célebre homenagem a Piet Mondrian, um vestido de blocos geométricos de cor, formando um contraste com as curvas do corpo feminino.

Saint Laurent encontrava inspiração na cultura mundial, quer fosse na vida dos camponeses russos, nas touradas espanholas ou em fontes ainda mais exóticas.

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