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O Oscar deste ano será gay ou violento? O que parecia uma corrida fácil para uma dupla de caubóis homossexuais pode se transformar numa disputa acirrada. O favorito "O segredo de Brokeback Mountain" parece estar enfrentando uma ameaça de última hora com o drama racial "Crash - No limite" na luta pelo prêmio de melhor filme, sugerem entrevistas com membros da Academia e especialistas em Oscar.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood mantém o resultado da votação em segredo completo até o momento da verdade: a cerimônia deste domingo, que será vista por centenas de milhares de pessoas em todo o mundo e apresentada pela primeira vez pelo comediante de língua afiada Jon Stewart.

Todo o segredo não evitou especulações sobre uma virada depois de meses de previsões de que o prêmio mais importante da indústria cinematográfica iria, pela primeira vez, para uma história de amor gay, "O segredo de Brokeback Mountain". O filme recebeu oito indicações, mais do que qualquer outro este ano, e tornou-se um fenômeno social como objeto de discussão, piadas e paródias.

A revista "People" publicou um encarte especial sobre o Oscar esta semana, no qual a manchete, em cor-de-rosa choque, declarava: "Oscar: Sim, sou gay". O título estava sobreposto a uma fotografia da estatueta de ouro e a pôsteres de "Brokeback" e de dois outros filmes, "Capote" e "Transamérica".

"Oito indicações para o filme caubóis gay, duas para a fita transexual, cinco para a história de Truman Capote. A primeira vista, a lição da premiação da Academia este ano ésimples. O atalho para a glória do Oscar é uma palavra com três letras: g-a-y", explicava a "People".

- Ouvi mais pessoas falando em votar em 'Crash' do que em 'Brokeback', mas lembro quando todos os membros da Academia com quem havia conversado em 2002 disseram que tinham votado em 'Moulin Rouge - Amor em vermelho', e o favorito daquele ano, 'Uma mente brilhante', ganhou. É muito difícil desbancar um favorito - afirmou o especialista em Oscar Tom O'Neil.

O dramaturgo e ativista pelos direitos dos gays Tony Kushner, autor de "Anjos na América", que concorre a um Oscar como co-roteirista de "Munique", diz que algumas pessoas estão "assustadas com 'Brokeback' porque se trata de um filme gay".

Mas ele acrescentou:

- Às vezes você faz algo corajoso e destemido e assume o risco. Toda Hollywood está se sentindo assim com relação a 'Brokeback'. O filme vai se sair muito bem na disputa. É um filme lindo e, graças à corrida pelo Oscar, alguns milhões de pessoas a mais vão assisti-lo e mudar suas opiniões.

Os cinco indicados para melhor filme, que ainda incluem "Munique", "Capote" e o drama da era McCarthy "Boa noite e boa sorte", é um grupo sério - filmes com temas que refletem o debatido liberalismo de Hollywood. Como grupo, eles não se saíram muito bem nas bilheterias.

Por exemplo, "O segredo de Brokeback Mountain" arrecadou US$ 75 milhões após 12 semanas em cartaz, cerca de US$ 2 milhões a menos que "Guerra dos mundos" em quatro dias em exibição, em julho passado.

"Crash - No limite" se passa em Los Angeles e pode atrair a atenção dos eleitores do Oscar, já que muitos vivem na cidade e podem simpatizar com o tema do filme, raças que não se misturam até colidirem uma com a outra em seus carros. O filme recebeu seis indicações ao Oscar, mesmo número de "Boa noite e boa sorte" de George Clooney.

Alguns especialistas dizem que a única aposta certa de vitória numa categoria importante é a de melhor ator, para Philip Seymour Hoffman. Hoffman faz o papel de Truman Capote em "Capote". Em sua interpretação, o escritor americano bom vivant manipulador e ambicioso que ganha a confiança de um assassino confesso, e então deixa o homem e seu parceiro morrerem a fim de obter um final para seu livro, "A sangue frio".

Mas, mesmo nesta categoria, a competição é acirrada. Hoffman deve derrotar Terrence Howard de "Ritmo de um sonho", Heath Ledger lutando contra seus próprios sentimentos como um dos caubóis de "Brokeback", Joaquin Phoenix como o cantor Johnny Cash em "Johnny e June" e David Strathairn como o jornalista Edward R. Murrow em "Boa noite".

A corrida pelo Oscar de melhor atriz ainda está muito embolada entre as favoritas Reese Witherspoon, no papel da cantora June Carter em "Johnny e June", e Felicity Huffman, interpretando um homem que está prestes a se submeter a uma operação de mudança de sexo em "Transamérica".

Mas é difícil prever o vencedor até mesmo em categorias que não são consideradas as principais, como a de melhor filme estrangeiro. Três dos cinco filmes indicados - o palestino "Paradise now", o sul-africano "Tsotsi" e o alemão "Uma mulher contra Hitler" - têm chances na disputa.

Então prepare-se, pegue o saco de pipocas e espere para ver quem vai ganhar no domingo. O Oscar pode ou não ser gay neste ano, mas com certeza ele será cheio de surpresas.

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