Um banquinho, um violão e um microfone: Moacyr Luz vai cantar os sambas que acenam para o paraíso| Foto: Divulgação

Moacyr Luz é a atração de hoje da série Solo Música e, a exemplo do que acontece durante as apresentações desse projeto, ele entra sozinho, com a sua voz e o seu violão, no palco do Teatro da Caixa. Conhecido, durante anos, por acompanhar músicos populares, como João Nogueira, Luz é compositor há mais de duas décadas e, no show, vai interpretar, entre outras canções, "Vida da Minha Vida", parceria com Sereno, registrada em disco por Zeca Pagodinho.

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De suas 200 composições gravadas, 90 são em parceria com Aldir Blanc. Maria Bethânia, Nana Caymmi, Fafá de Belém, Leila Pinheiro e Fátima Guedes são algumas das cantoras brasileiras que interpretam músicas do artista, de 53 anos, nascido e, como ele gosta de enfatizar, criado no Rio de Janeiro. O compositor tem nove álbuns autorais, o primeiro, que tem o seu nome, é de 1988 e o mais recente, Batucando, de 2009.

Luz está em Curitiba desde a tarde de ontem. Ainda no Rio de Janeiro, antes de entrar no avião, ele concedeu entrevista, por telefone, à Gazeta do Povo. Fez questão de citar as três outras vezes em que esteve aqui. A primeira apresentação foi em 1995, quando, acompanhando de João Nogueira, entrou em cena no Teatro Paiol. "Foi emocionante. Primeiro, porque eu era fã do Nogueira. Depois, ter tocado dentro da­­quele teatro de arena lindo é, ainda hoje, uma experiência inesquecível", diz.

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Em 1999, ao lado de Jards Macalé, Guinga e Zé Renato, com a proposta Dobrando a Carioca, ele se apresentou no Canal da Música; em 2005, por meio do Projeto Pixinguinha, também subiu ao palco do mesmo espaço. "É muito prazeroso retornar a essa cidade tão linda. Vou aproveitar todo o meu tempo livre para passear por Curitiba", disse, na tarde de ontem.

Com o sorriso no rosto

Além da imersão no samba, e na música, Luz já escreveu e publicou quatro livros, três deles sobre botequins – o mais co­­nhecido é Manual de Sobrevivência nos Butiquins Mais Vagabundos. O compositor e escritor conta que, há não muito tempo, abandonou os bares e a bebida, depois que o próprio corpo começou a emitir sinais de alerta. "Agora, só bebo uma ou duas taças de vinho, e muito raramente", diz.

Ele confessa que, nos últimos meses, está vivendo uma temporada de felicidade, algo que diz nunca ter experimentado. Luz antecipa que, no show de hoje à noite, ele vai incluir no repertório canções que flertam com esse lado alegre da vida, entre as quais "Coração do Agreste" e "Saudade da Guanabara".

Ontem, pela primeira vez em meses, ele deixou de participar do Samba do Trabalhador, evento que acontece todas às segundas-feiras, a partir das 16 horas, no Clube Renascença, no Rio de Janeiro, e que atrai de 800 a 1 mil pessoas. "A agenda profissional me impediu de estar nesse acontecimento. O Samba do Trabalhador prova que a alegria pode se manifestar inclusive no dia (segunda-feira) considerado, por muita gente, como o pior da semana", afirma.

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Amanhã (quarta-feira), Luz retorna ao Rio de Janeiro, para olhar pela janela de seu apartamento, situado no bairro da Glória, para a Baía de Guanabara, e para caminhar pela cidade de que tanto gosta. Mas, nos próximos dias, segue para Fortaleza (CE), São Luís (MA) e Florianópolis (SC).

"A felicidade está acontecendo comigo", diz o músico que, no passado, acompanhou artistas, e agora é requisitado para mostrar o seu trabalho autoral. Se grande parte dos sambas tratam de dor, basta ouvir Cartola e Nelson Cavaquinho para comprovar, Moacyr Luz está conseguindo viver e transformar em música essas nuances mais amenas da existência.

Serviço:

Série Solo Música – Moacyr Luz. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Rua Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Dia 19, às 20h30. R$ 10 e R$ 5 (meia).