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Em um ano triste para a Academia Brasileira de Letras (ABL), que perdeu três de seus titulares no mês de julho - o escritor Ivan Junqueira morreu dia 3; João Ubaldo Ribeiro, dia 18, e Ariano Suassuna, dia 23 - esta quinta-feira será um dia de indisfarçável alegria: o escritor maranhense Ferreira Gullar, 84 anos, deverá ser escolhido por unanimidade para a cadeira 37, que era de Junqueira, em eleição às 16h no Petit Trianon.

O escritor de 84 anos, que também é tradutor, poeta, crítico de arte, dramaturgo e ensaísta, formalizou a inscrição à cadeira enviando uma carta à instituição no dia 10 de julho. Os outros concorrentes são os escritores José William Vavruk, José Roberto Guedes de Oliveira e Ademir Barbosa Júnior. No entanto, a eleição de Gullar é dada como certa nos corredores da Academia.

"A morte do Ivan foi o fator decisivo pra eu decidir me candidatar. Éramos muito amigos. Pensei: é a cadeira que um dia foi de João Cabral de Melo Neto e do meu amigo Ivan. Foi a partir de João Cabral que começaram a sentar poetas nesta cadeira, então me sinto confortável. O Eduardo (Portella, acadêmico) me ligava sempre, insistindo para que eu me candidatasse. Minha companheira, Claudia, também, assim como muitos amigos. Eu não planejo nada na minha vida, as coisas comigo acontecem assim, com tranquilidade. Acho que fiz a coisa certa", anima-se o escritor, que admitiu estar "um pouco nervoso" com o cerimonial do cargo. - Vou ficar engraçado de fardão!

Um dos mais importantes escritores brasileiros, José Ribamar Ferreira, Ferreira Gullar, é natural de São Luís, no Maranhão, e publicou seu primeiro livro, "Um pouco acima do chão", aos 19 anos. Entre suas principais obras estão "A luta corporal" (1954); "Poema sujo" (1976) e "Na vertigem do dia" (1980).

O poeta já começou a rascunhar algumas ideias para o discurso de posse, peça literária inaugural dos acadêmicos que assumem o cargo. Com aparições públicas notadamente comoventes - um exemplo foi sua participação na Flip de 2010, em que foi aplaudido de pé -, sua fala já é esperada com ansiedade nos bastidores da ABL.

"O discurso é que está me deixando mais aflito. É importante relacionar o patrono da cadeira, Tomás Antônio Gonzaga, com os escritores que passaram por ela, como Silva Ramos, Getúlio Vargas e o Assis Chateaubriand, além de João Cabral e Ivan", comenta Gullar, que tem tempo para a escrita: as novas posses só serão no início do ano que vem.

As próximas eleições serão nos dias 23, para escolher o ocupante da cadeira de João Ubaldo Ribeiro (o favorito é o historiador Evaldo Mello); e no dia 30, para a vaga de Ariano Suassuna (que deve ser assumida por Zuenir Ventura).

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