Paraguaios da Academia Elizabeth Vinader, que levaram elementos indianos para o palco| Foto: Diego Redel/Divulgação

O Festival de Dança de Joinville chega à 33ª edição consolidado como um dos principais eventos do gênero do país e com o desafio de manter a essência diante da grande variedade e dimensão comercial que tomou. O evento é reconhecido pelo Guinness Book como maior do mundo em número de participantes. Neste ano, durante os dez dias do evento, participam aproximadamente 6,5 mil pessoas, entre bailarinos, estudantes e profissionais da dança.

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A programação do evento conta com uma série de atividades voltadas para diversos públicos. O Centreventos Cau Hansen, a casa principal do festival, sediou a noite de abertura – com Quebra Nozes do Bolshoi Brasil –, sedia a noite de Gala, que ocorre nesta segunda-feira (27) – com a companhia Evolution Dance Theatre, da Itália – e a Noite do Campeões, que encerra o evento no próximo sábado (1º de agosto). No mesmo local, que não é um teatro, mas uma arena multiuso, ocorrem as oito tradicionais noites competitivas, que contam com a participação de 107 grupos apresentando 196 coreografias.

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Os melhores do Brasil

As apresentações com competição têm um clima de estádio de futebol, com muita torcida, animação nas arquibancadas e quase nada de solenidade. Os grupos que participam dessas noites passaram por rigorosa seleção, o que leva a organização a definir que nessas mostras estão “os melhores da dança brasileira”. As modalidades são Balé Clássico de Repertório, Balé Neoclássico, Dança Contemporânea, Jazz, Sapateado, Danças Populares e Danças Urbanas.

Nicole Vanoni, paranaense que ganhou primeiro lugar no solo masculino sênior 

Paranaenses

Os paranaenses estão tendo destaque nas competições de Jazz do Festival de Dança deste ano. Até agora, foram quatro premiações para o estado, todas nessa categoria. Voltam a se apresentar na Noite dos Campeões o Espaço Artístico Nicole Vanoni, que ganhou primeiro lugar no solo masculino sênior e teve um indicado para melhor bailarino do festival. E o grupo Eliane Fetzer venceu no conjunto sênior. Este grupo também ficou o terceiro lugar no duo sênior, categoria em que o Nicole Vanoni tirou a segunda colocação. No total, serão apresentadas 16 coreografias de cinco grupos paranaenses nas noites competitivas do Festival. E contando com os palcos abertos, são 50 grupos paranaenses participando do evento.

Para os entendidos da dança, é uma boa oportunidade para verificar o que está acontecendo no país. Para o público leigo, é uma ótima alternativa de entretenimento, pois as coreografias são curtas – cerca de 5 minutos – e diversificadas. Na noite competitiva de sábado (25), por exemplo, havia competições de Balé Neoclássico e Danças Populares.

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O Balé Neoclássico permite aos coreógrafos utilizarem a técnica clássica, com mais liberdade para concepção coreográfica. Nessa modalidade é possível verificar alguns talentos da criação despontarem. Ao mesmo tempo, é nesse tipo de alternativa em que se vê a possibilidade de errar na mão com grupos em que, sendo amadores, nem sempre têm uniformidade técnica e aptidões físicas entre seus participantes.

As danças populares reúnem uma série de linguagens, do maculelê à dança do ventre, o que deve representar um grande desafio para a comissão julgadora. Os vencedores de Dança Popular Conjunto - Categoria Sênior foram os paraguaios da Academia Elizabeth Vinader, com a coreografia Místico Ritual Samskara. O grupo trouxe para o palco elementos indianos, com direito à réplica de um elefante, projeções digitais como cenário, suspensão de um dos participantes e encenação de um casamento típico. Mas o determinante mesmo foi a sincronia do grupo e animação – com trechos a coreografia que lembravam o filme “Quem Quer Ser um Milionário” – que levou o público ao delírio na apresentação que foi a última da noite.

Feira da sapatilha é o ponto de encontro do evento

O ponto de encontro dos bailarinos é a Feira da Sapatilha, que ocorre no Expocentro Edmundo Dowbrava, ao lado do Centreventos. O local é praticamente um shopping com mais de 70 expositores, a maioria com produtos voltados para a dança, mas também há espaço para artesãos e praça de alimentação.

Programação variada

Há ainda a Mostra Contemporânea, a Mostra Estímulo – um espaço para grupos que já tiveram destaque na história do evento – e 65 cursos e oficinas em diversas modalidades, com a novidade do curso Broadway, que está sendo realizado na cidade desde o início de julho. O Festival Meia Ponta é o espaço para crianças participarem da competição. E os seminários de dança contemplam discussões mais acadêmicas, com as graduações em dança em debate neste ano.

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Ali, o pessoal passeia trajando figurinos, roupas de ensaio e a indumentária da dança predomina, seja com coques ou com calças largas e tênis do break. Mas, principalmente nos finais de semana, a feira vira uma atração também para a população da cidade, pois ali está um dos palcos abertos, com apresentações gratuitas.

Bailarinas se alongam e treinam giros pelos corredores e volta e meia formam-se rodinhas de danças urbanas e outros estilos mais descontraídos para os participantes mostrarem suas aptidões.

Esse ano a feira, que tem 1600 m², teve o espaço para expositores ampliado. O palco antes ficava em um espaço amplo, onde mesmo quem chegasse no meio das apresentações conseguia assistir razoavelmente e permitia que quem transitasse pela feira acompanhasse o que acontecia. Agora, as apresentações passaram para um anexo, com espaço mais limitado, que tem menos visibilidade e dificulta a vida de quem chega. A feira perdeu um pouco do ar de integração com essa mudança.