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O inglês Mike Leigh, um dos maiores favoritos à Palma de Ouro, abriu o segundo dia da competição oficial do Festival de Cannes com "Mr. Turner", retrato sobre os últimos anos do pintor Joseph Mallord William Turner (1775-1851), um dos maiores artistas plásticos britânicos de todos os tempos. A primeira sessão do filme, nesta quinta-feira (15), porém, só recebeu aplausos moderados. Não que "Mr. Turner" possa ser considerado fora do baralho. Há a questão de Leigh ser adorado em Cannes, tendo levado a Palma de Ouro por "Segredos e Mentiras", em 1996, e o prêmio de melhor diretor, em 1993, por "Nu". E o longa certamente impressiona em dois aspectos: a interpretação de Timothy Spall ("Harry Potter") como o rabugento e grotesco Turner e a fotografia bucólica de Dick Pope, o favorito de Leigh. "Ele era um homem misterioso. Para mim, ele prova que nem todos os gênios vem em pacotes bonitos e românticos. Ele era um homem bruto, de coração duro, mas possuía uma alma poética", explica Spall, que precisou tomar aulas de pintura dois anos antes de começar a ensaiar. "Turner era o que chamamos do pintor do sublime, alguém que capturava a tensão entre a beleza e o horror da natureza." J. M. W. Turner revolucionou a pintura abstrata com suas paisagens de barcos e cenas marítimas e hoje é considerado um dos grandes mestres das artes plásticas. Ao mesmo tempo, era um homem rude (cuspia em suas telas para molhar a tinta), sem modos e que usava sua empregada como escape sexual. "Ele era um primata, mas um gênio visionário com grande alma", completa Spall. "Há pessoas que pintam paisagens o tempo todo. É algo comum, mas Turner enxergava algo espiritual, além do que víamos. Ele pintava com a alma."

Apesar de retratar um personagem histórico, Mike Leigh não abandonou seus métodos de filmagens: nenhum roteiro, muita pesquisa e ensaios exaustivos. "Não foi diferente de meus outros filmes. Em 'Topsy-Turvy - O Espetáculo', fiz o mesmo com personagens do teatro vitoriano, dramatizando personagens históricos. Mas não é tudo. Você pode pesquisar por mil anos que isso não fará Turner aparecer na frente da câmera", explica o britânico. "Você precisa criar o personagem para o mundo do cinema, de outro modo, ele não funcionará."

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