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O casal Demi Moore e David Duchovny (à direita): família quase perfeita, formada por atores com a missão de vender produtos | Divulgação
O casal Demi Moore e David Duchovny (à direita): família quase perfeita, formada por atores com a missão de vender produtos| Foto: Divulgação

Pensou numa família perfeita? Os Jones, é claro. Gente bonita, elegante, educada, sempre vestida impecavelmente, dirigindo os melhores carros, morando nu­­ma mansão decorada com tudo do bom e melhor. Ninguém consegue ser melhor do que eles.

Essa é mesmo a ideia por trás dos protagonistas da comédia dramática Amor por Contrato, que tem como destaques do elen­co Demi Moore e David Du­­chovny.

Tudo é tão perfeito só por um motivo – os Jones não são uma família de verdade. Foram escolhidos a dedo para compor uma unidade familiar, que se instala numa vizinhança bem de vida (neste caso, um rendimento anual de pelo menos US$ 100 mil). O objetivo é um só – os Jones são vendedores profissionais, que alavancam a venda dos produtos mais caros e chiques entre os vizinhos. A boa vida deles vem daí, porque eles ganham para isso.

A atual composição da falsa família é Kate (Demi Moore), que é a chefe da unidade; Steve (David Duchovny), ex-vendedor de carros recém-contratado; e os "filhos", Jenn (Amber Head) e Mick (Ben Hollingsworth).

Eles são o sonho de consumo de qualquer um – não só pela aparência impecável como pela gentileza com que se tratam 24 horas por dia. Alguém devia desconfiar de alguma coisa. Mas não desconfia. A vida dos Jones é o objeto do desejo de nove entre dez de todas as pessoas que os rodeiam. Todo mundo quer ser como eles e ter o que eles têm.

Ninguém vê que, entre quatro paredes, eles discutem suas metas e se evitam nos dias de folga. Muito menos que um casal aparentemente tão apaixonado quanto Kate e Steve mora em quartos separados. Com todo conforto, é claro, porque eles são os primeiros a testar os artigos que vendem.

Porém, quem faz parte da empreitada não tem direito à expressão dos próprios sentimentos. Assim, a vida amorosa fica prejudicada. Steve, por exemplo, tem uma queda por Kate – mas ela dá chance? Os dois mais jovens, Jenn e Mick, se arriscam mais, porque procuram satisfação fora de "casa" – o que traz o risco de a máscara cair. Até onde um teatro desses pode ir?

A ilusão de uma vida familiar perfeita dentro do consumismo já renderam retratos mais aguçados – como o inesquecível Edward Mãos de Tesoura (1990), de Tim Burton, e até o recente Mulheres Perfeitas (2004), de Frank Oz, para ficar em dois exemplos.

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