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A obra de Brugnera só se concretiza inteiramente se houver um exercício de imaginação de quem a vê. Ao criar peças que comporiam uma casa "impraticável", com colunas que não se sustentam e telhas que não protegem, ele parece fazer uma interpretação muito pessoal dos versos da música "A Casa", de Vinicius de Moraes. Com pó de canela e grafite, criou o "Assoalho Empoeirado". Com capinhas de CD e tinta de caneta azul criou "Azulejos", e assim segue formando sua casa idealizada. O item mais recente desta arquitetura é uma fonte em mini­a­tura que o já renomado artista de Cascavel exibe no segundo andar do Museu Alfredo Andersen, co­­mo parte de uma das exposições da 5.ª Bienal Vento Sul. O espaço também abriga aquarelas do dinamarquês Jens Birke­mose e fotografias do norueguês Dag Alveng, emprestadas da coleção de Jens Olesen.

A obra de Brugnera é uma espécie de maquete de uma fonte congelada feita com mais de 200 mil alfinetes que tiveram suas cabeças retorcidas uma a uma pelo artista para imitar os raios de uma bicicleta. Tudo espetado sobre uma borracha de formato arredondado. Brugnera iniciou a obra em 2005, mas logo interrompeu a lida com os alfinetes, e só decidiu concluí-la com o convite para participar da Bienal. "Achei que o trabalho tinha muito a ver com o tema, Água Grande: os Mapas Alterados", conta.

O significado da obra, único elemento iluminado na grande sala escura, se amplia com o barulho da fonte jorrando que sai de uma caixa de som. "É uma alusão para que as pessoas possam imaginar a maquete grande". A intenção do artista é um dia poder fazer a versão "macro" da obra, com 6 metros de diâmetro e 4 metros de altura na parte central, onde jorra a água de metal. Desta vez, tudo feito com autênticos raios de bicicleta.

Mas o projeto custa caro. "Só mesmo com a parceria de um arquiteto, um engenheiro ou um construtor que se interesse em inseri-la como parte do condomínio de um edifício", explica. Uma peça de uma casa "impraticável" poderia fazer parte de um local "real"? "Não me importaria, porque ela sempre vai pertencer à casa conceitual", diz o artista, que já planeja outros itens para o lar desmembrado, como, por exemplo, uma cerca viva e uma sacada para sua filha.

Brugnera já expôs no Museu Oscar Niemeyer e possui trabalhos nos acervos do Museu D’Art Mo­­derne de La Ville (Paris), Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires, Camden Arts Centre (Lon­­vdres) e Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro). * * * * *

Serviço: 5ª Bienal VentoSul. Instalação de Luiz Carlos Brugnera, aquarelas de Jens Birkemose e fotografias de Dag Alveng, no Museu Alfredo Andersen (R. Mateus Leme, 336), (41) 3222-8262. De terça a sexta, das 9 às 18 horas, e sábado e domingo, das 10h às 16 horas. Mais informações, no site www.bienalventosul.com.br. Até 11 de outubro.

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