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Na discotecagem em uma festa de bar, os DJs inserem uma canção que criaram, misturando o funk carioca e Daft Punk. As pessoas acham legal e eles fazem mais uma música no estilo. A coisa cresce, os DJs chamam uma vocalista, começam a fazer shows e colocam músicas na internet. No mundo rápido da web, o trabalho chama a atenção de um dos DJs internacionais do momento, que os convida para gravar um CD produzido por ele.

Esta é a breve história (tudo aconteceu em menos de um ano) até agora do grupo Bonde do Rolê. O estilo é o funk carioca com suas batidas e as letras sacanas, mas, ao contrário do que possa parecer, a nova atração (que até já tem música rolando em programa da Globo) é de Curitiba, formada por três jovens de classe média: os DJs e MCs Rodrigo Gorky e Pedro D’Eyrot e a vocalista Marina Ribatski.

"Melô do Tabaco", "Melô do Vitiligo", "Dança da Ventuinha", "Cainimim" e "Funk da Esfiha" são algumas das dez músicas criadas pelo trio, que adiciona o rock – de bandas como Alice in Chains, The Darkness, AC/DC, Scorpions, Smashing Pumpkins – aos tradicionais "pancadões" do gênero que no Brasil é identificado com o Rio de Janeiro. "A gente fez a segunda música sampleando o The Darkness e percebemos que a mistura do funk com o hard rock dava certo. Para as letras, a gente pega uma situação que aconteceu com algum amigo nosso, ou algumas coisa que falam na noite para a gente, e vamos desenvolvendo a música", diz D’Eyrot.

O grande sucesso do Bonde do Rolê é "Melô do Tabaco", que tem sample de "Man in the Box", do Alice in Chains (grupo grunge da década de 90). Foi esta música que Diplo, DJ norte-americano tocou em seus sets de discotecagens, quando esteve no Brasil no final do ano passado. Para quem não é muito antenado com o mundo da música, vale lembrar que Diplo é produtor (e também namorado) de M.I.A, a inglesinha (de ascendência do Sri Lanka) que foi uma das atrações do Tim Festival 2006 – a música da moça é baseada nos batidões e tem leves pitadas de funk carioca, que Diplo aprecia muito.

A ponte entre o produtor americano e o Bonde do Rolê foi Fred Chernobyl, integrante do grupo gaúcho Comunidade Nin-Jitsu, que gostou do trabalho dos curitibanos e se ofereceu para regravar as músicas que eles haviam disponibilizado na internet. O resultado é um EP de seis músicas, que foi repassado por Fred a Diplo. "Ele pegou nos contatos e ficamos trocando idéias (via e-mails) até que ele nos convidou para ser a primeira banda do selo que estava criando, o Mad Decent. Aceitamos e daqui a algumas semanas ele vem a Curitiba gravar com a gente" revela o DJ Gorky, lembrando que o disco também terá gravações em São Paulo, onde o trio fará uma parceria com o grupo Instituto (coletivo de produtores e músicos, de trabalho muito elogiado). O single de "Melô do Tabacco" é o primeiro lançamento da Mad Decent e chega este mês nos EUA em vinil de 12 polegadas.

O novo CD não terá samples. "Fizemos sucesso não só por causa dos samples, mas também por causa das letras das músicas, o jeito que a Marina canta, que é completamente inesperado para as pessoas", observa o DJ D’Eyrot. "Fazemos uma coisa que é estigmatizada como sendo só da periferia, mas nós somos de família da classe média. Isso surpreende todo mundo", completa a vocalista.

O Bonde do Rolê tem agora um empresário, que já está agendando shows. O EP tem uma tiragem de mil cópias e está sendo lançado este mês no Brasil. Quem quiser conferir algumas músicas do grupo pode acessar o site My Space (www.myspace.com/bondedorole).

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