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Livro 1

Os Três Mosqueteiros

Alexandre Dumas. Tradução de André Telles e Rodrigo Lacerda. Zahar, 688 págs., R$ 69. Romance.

A dupla vencedora do Prêmio Jabuti de tradução literária, André Telles e Rodrigo Lacerda, repete a colaboração que começou com O Conde de Monte Cristo, obra que lhes rendeu a láurea, e publica uma edição primorosa de Os Três Mos­­que­­teiros, também de Alexandre Dumas (1802-1870).

O volume imponente, de capa dura, tem tradução, apresentação e mais de 200 notas elaboradas por Telles e Lacerda (que é romancista e acabou de conquistar o segundo lugar no Prêmio Portugal Telecom, com o livro Outra Vida). Há ainda mais de uma centena de ilustrações originais e inclui uma cronologia da vida de Dumas.

A história dos mosqueteiros começou a ser publicada em 1844, no formato de folhetim, em capítulos que eram divulgados aos poucos e criavam expectativa nos leitores. O enredo tratava das aventuras de um quarteto de espadachins em meio a figuras inesquecíveis – boas e más –, como o cardeal de Richelieu e o duque de Buckingham.

Por que ler: se você se pergunta de que vale encarar um tijolo ficcional de 700 páginas escrito no século 19, Italo Calvino dá a resposta em Por Que Ler os Clássicos: porque ler um clássico é sempre melhor do que não lê-lo. Se ainda precisar de mais motivos, seguem aqui outros quatro: Athos, Porthos, Aramis e d’Artagnan. (IBN)

DVD/BLU-RAYTrilogia Toy Story

Direção de John Lesseter e John Unkrich. Três discos. Classificação indicativa: livre. Preço médio: 59,90 (DVD) e R$ 149,90 (Blu-ray). Animação.

Se Branca de Neve e os Sete Anões (1937) entrou para a história do cinema como o primeiro longa-metragem de animação, Toy Story, 58 anos mais tarde, se tornou um marco do gênero ao inaugurar a era dos desenhos tridimensionais não mais criados à mão, quadro a quadro, e sim por meio do uso de computadores. No Brasil, o diretor Clóvis Vieira, que desenvolveu na mesma época o filme Cassiopéia, questiona o pioneirismo da animação de John Lasseter, alegando que sua produção foi realizada antes.

Simultaneamente ao lançamento em DVD e Blu-ray de Toy Story 3, maior sucesso de bilheteria mundial entre os filmes lançados neste ano, a Disney também lança esta caixa que reúne os três episódios da série protagonizada pelo caubói Woody e pelo herói do es­­paço Buzz Lightyear, brinquedos favoritos do garoto Andy.

Por que ter:além das inegáveis qualidades técnicas dos filmes, é fundamental ressaltar que a gigantesca popularidade da trilogia se deve à inventividade dos roteiros, que tornam irresistíveis os personagens e emprestam imensa humanidade às tramas, que divertem, fazem rir, emocionam e também provocam reflexões sobre temas como família, infância, tempo e a cultura da descartabilidade. (PC)

CD 1

Monique Kessous

Monique Kessous. Sony Music. Preço médio: 19,90. MPB

Monique Kessous é o terceiro disco da cantora carioca de 26 anos, e se o próprio nome dela foi usado para o batismo, como é mais comum em álbuns de estreia, indica que, desta vez, a Sony aposta forte na moça. Para alçar voos mais altos em sua carreira, pode ainda faltar o toque de originalidade comum a poucas. O resto, ela tem.

A voz suave de soprano agrada sem hesitação, evocando (às vezes com muita semelhança) Marisa Monte e Roberta Sá. O canto confessional expõe fragilidades, tal qual a cantora e compositora Tiê, e guarda alguma dramaticidade contida, uma tristeza ao fundo, que faz recordar, talvez, Maria Gadu. Monique, afinal, canta no país das cantoras – para usar a expressão do crítico Mauro Ferreira – e não escapa das semelhanças.

Ao mesmo tempo, a moça usa bem a voz, transmite emoção e apresenta um conjunto de canções marcadas por um romantismo brando. Quase todas, autorais, à exceção de duas escolhas acertadas. Ao reinterpretar "Sonhos", de Peninha, a voz vibra na angústia represada, amparada por violino e acordeão. Outra, "Bloco do Prazer", de Moraes Mo­­reira, revela uma intérprete capaz de transitar do sombrio à fina alegria sem perder a linha.

Ouça: "Noites sem Fim", canção nostálgica que harmoniza as vozes de Monique e Paulinho Moska, em participação especial. É verdade que o adorno delicado e sentimental do bandolim de Davi Moraes faz lembrar ainda mais uma interpretação de Roberta Sá, mas, superada a comparação, tem-se uma das melhores performances entre as autorais do disco. (LR)

Livro 2

Pensando África

Org.: Carmen Secco, Maria Salgado e Silvio Jorge. Fundação Biblioteca Nacional, 256 págs., R$ 38. Ensaios.

Este livro reúne vários depoimentos de autores africanos e artigos de pesquisadores de diversos países sobre questões que dizem respeito à África. Muitos desses autores participaram do 3.º Encontro de Pro­­fes­­sores de Literaturas Africanas, em novembro de 2007, no Rio de Janeiro. Lidos em conjunto, os textos chamam a atenção por colocarem em primeiro plano a relevância da cultura de um continente que, apesar da pouca expressão política e econômica, viabilizou a matéria-prima para a arte e o pensamento do Ocidente.

Por que ler: Pela oportunidade, única, de ter acesso a pontos de vistas variados a respeito de um mesmo tema. Tanto os acadêmicos quanto os prosadores que participam desta coletânea articulam ideias e colocam a África no palco do debate. Literatura, pintura, artes plásticas, idioma e demais elementos que, juntos, compõem o que um dos escritores chama de ecologia cultural e revela a pujança africana.

"Os inventores da nova África são os cientistas, são os tecnólogos, mas são, principalmente, seus poetas, seus romancistas, seus críticos quem pensam nesse espaço que nos une, que é a língua portuguesa", es­­creve, na apresentação do livro, Muniz Sodré, professor da UFRJ e presidente da Fundação Bi­­blioteca Nacional. (MRS)

CD 2

Not Music

Stereolab. Drag City. Importado. Preço médio: US$ 17. Indie pop.Embora tenha sido lançado na semana passada, Not Music, 12.º álbum da banda inglesa Stereolab, foi gravado há dois anos, pouco antes de os integrantes anunciarem a suspensão das atividades do grupo por tempo indeterminado.

Mas apesar de terem ficado guardadas na gaveta esse tempo todo, as canções do novo disco, sobras das gravações de Chemical Chords (2008), soam frescas e bastante distintas das do trabalho anterior. Isso porque Not Music dá espaço às composições mais cerebrais daquelas gravações, que nem por isso são as menos acessíveis.

Basta ouvir a primeira faixa, a alegre "Everybody’s Weird Except Me" , para perceber que a marcante assinatura musical da banda continua presente: clima retrô, elementos de Motown e pop francês e o inconfundível timbre aveludado da vocalista Laetitia Sadier.

O mesmo pode ser dito de "Supah Jaianto" (com incríveis arranjos de sopros), da tocante "So Is Cardboard Clouds" e de "Equivalences", esta de sonoridade mais soturna, levada pelo órgão.

Por que ouvir: Tido como o último álbum do Stereolab, Not Music reúne com graciosidade todos os elementos que tornam a sonoridade da banda única, original e inimitável. Sem dúvida os fãs continuarão na torcida pelo fim do hiato da formação, mas, caso isso não acontece, Not Music é um epitáfio bastante digno. (JG)

DVD

A Erva do Rato

Brasil, 2008. Direção de Júlio Bressane.Coleção Canal Brasil. Preço médio: R$ 40. drama.

O mais recente filme de Júlio Bressante (de Cleópatra), o estranho A Erva do Rato, lançado em DVD como parte da Coleção Canal Brasil, tem roteiro inspirado em dois contos de Machado de Assis, "A Causa Secreta" e "Um Esqueleto". Os atores Alessandra Negrini e Selton Mello são Ele e Ela, um ho­­mem e uma mulher desconhecidos que se encontram em um cemitério. Ele promete cuidar dela pelo resto de suas vidas e a leva para casa, onde passa os dias ditando-lhe longos textos sobre a geografia do Rio de Janeiro, os venenos preparados pelos índios, como a erva do rato, a mitologia grega. Até que, notando a exasperação da companheira, propõe-lhe uma nova distração: fotográfa-la pelos diversos cômodos da casa. Tudo segue bem até que um rato passa a roer as imagens reveladas.

Por que ver: Ao revelar com humor negro a reclusão voluntária desse casal de desconhecidos, que silencia seus passados, enquanto exploram desejos e angústias, o filme explora o limite do sadismo e da perversão humana. Belamente fotografado por Walter Carvalho, que explora os tons vermelhos nas cenas dentro do laboratório de revelação e amarelos em referência a um lar aparentemente seguro e inviolável, onde se toma chá das cinco em xícaras de porcelana. (AV)

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