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Filme repleto de referências à obra de Ristum exigiu empenho e concentração extras de Cauã e Rodrigo Santoro | Fotos: Divulgação
Filme repleto de referências à obra de Ristum exigiu empenho e concentração extras de Cauã e Rodrigo Santoro| Foto: Fotos: Divulgação
  • Débora Falabella interpreta a meia-irmã internada em um insituto psiquiátrico

Rodrigo Santoro e Cauã Reymond acham graça da observação do repórter de que, agora que Rodrigo Lombardi virou o ho­­mem mais sexy do Brasil, só resta a ambos serem bons atores. Não existe ator mais encanado com a imagem de homem sexy do que Cauã. Ele acha que a tevê já explora bastante essa faceta. No cinema, segue por outra linha e, por isso, privilegia sempre os filmes de autor. Cauã só tem um blockbuster na carreira, Divã. "Adoro o (diretor) José Alvarenga, mas me sinto meio que sobrando ali dentro."Cauã e Rodrigo fazem irmãos em Meu País, o belo longa de André Ristum que tem estreia nacional programada para a próxima sexta-feira. Ambos têm mais um filme juntos, e pronto. Falam maravilhas de Reis e Ratos, de Mauro Lima. "O filme tinha um visual extraordinário em preto e branco, mas a distribuidora Warner resolveu colorir. Me deu medo, mas, do que vi gostei bastante", diz Cauã.

Um filme de autor, um papel de jogador compulsivo, tudo colocava Cauã Reymond dentro de Meu País. A entrada de Rodrigo Santoro foi um pouco mais complicada. Ele estava exausto, de­­pois de ter emendado um filme no outro. Estava de malas – e prancha – prontas para sair e surfar. Tocou o telefone. Era Fabiano Gullane, oferecendo o papel. "Não, bróder, não dá." O outro insistiu: "Mas posso enviar o roteiro? Lê como amigo". Foi a perdição de Rodrigo. Ele varou a madrugada lendo e, no dia seguinte, já estava adiando o surfe. As ondas podiam esperar; o papel, não.

O que havia de tão atraente? "Venho de uma família italiana, mas apesar de o meu nonno (avô) insistir, nunca falei italiano. O filme é sobre família, eu falo italiano, tudo isso foi um desafio, e muito atraente", diz "O filme tem essa coisa da dificuldade de comunicação. Representar em outra língua é complicado, mas já que eu entrei nessa, em inglês, espanhol e agora italiano, vamos lá. A dificuldade também é outra, mais íntima, diz respeito à natureza da ligação entre os irmãos."

Enredo

Na abertura do filme, morre o pai, interpretado por Paulo José. O personagem de Rodrigo, que construiu uma vida na Itália, vem para tratar do espólio. Não tem diálogo com o irmão, que está dilapidando a fortuna familiar no jogo. Logo vem a descoberta de que ambos têm uma meia-irmã e a garota, vivida por Débora Falabella, está num instituto psiquiátrico. Os laços de sangue falam mais alto, no final, chega-se a um precário equilíbrio. A morte do pai, a divisão entre Itália e Brasil, tudo isso remete às mais fundas experiências do diretor André Ristum, mesmo que o filme não seja autobiográfico.

O pai de André, Jirges Ristum, morreu quando ele era criança. Jirges era amigo de Glauber Ro­­cha e os dois pais, o biológico e o artístico, se refletem no cinema de Ristum, que já fez um curta sobre a correspondência entre ambos. Todas essas referências estão no filme e exigiram empenho e concentração dos atores. O trio de protagonistas teve uma preparadora de elenco e, desta vez, não foi Sérgio Penna, que quase sempre desempenha esse papel para Rodrigo, mas Laís Correa. "Ela criou uma memória afetiva muito bacana para nossos personagens. Brincávamos, Rodrigo e eu, de que éramos um do Corinthians e outro do São Paulo para estimular nossas rivalidades", conta Cauã.

Pelo seu perfil - cinema exigente, intimista –, Meu País não leva jeito de estourar na bilheteria e virar blockbuster, mas o lançamento caprichado poderá garantir ao filme uma carreira digna de suas qualidades.

Cauã vai fazer a próxima novela das 9, de João Emmanuel Carneiro, e antes roda em São Paulo um filme sobre a orquestra de Heliópolis. Rodrigo Santoro joga todas as suas fichas em Heleno, sobre o lendário Heleno de Freitas. Ele amou o personagem, foi um dos produtores do filme. Heleno era conhecido por cabecear e matar a bola no peito. Rodrigo parou com o surfe, preparou-se com Cláudio Adão, o grande matador no peito dos últimos anos. O filme teve uma projeção em Toronto, onde foi ovacionado. Outro projeto de Rodrigo Santoro surpreende: Arnold Schwarzenegger está voltando e um pa­­pel importante do seu novo filme foi oferecido ao astro brasileiro. "É bacana, estou aguardando, mas é quase certo que vai sair."

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