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O rapper Luaty Beirão, que mobilizou artistas do mundo todo em uma campanha contra repressão política na Angola, encerrou nesta terça-feira (27) sua greve de fome de 36 dias, segundo o site “Rede Angola”.

O veículo local publicou carta assinada pelo músico, na qual ele anuncia o fim do protesto iniciado em 21 de setembro.

“Não vou desistir de lutar, nem abandonar os meus companheiros e todas as pessoas que manifestaram tanto amor e que me encheram o coração. Muito obrigado. Espero que a sociedade civil nacional e internacional e todo este apoio dos meios de comunicação não pare”, diz.

Beirão faz parte do Movimento de Jovens Revolucionários Angolanos (MJRA) e, junto com outros 15 ativistas, foi detido em junho, acusado pelo governo do presidente José Eduardo dos Santos de tramar um golpe de Estado. Integrantes do grupo afirmam que estavam reunidos para uma sessão de leitura em Luanda quando foram abordados.

A prisão chamou a atenção de artistas e organizações de defesa dos direitos humanos de países lusófonos para a situação política no país.

Numa campanha lançada em julho, os escritores Mia Couto (Moçambique), José Eduardo Agualusa (Angola) e Lourenço Mutarelli (Brasil), o cantor brasileiro Chico César e a viúva do escritor José Saramago, Pilar del Río, se uniram a ativistas angolanos em três vídeos pedindo a libertação dos 15 detidos.

O cantor Chico Buarque também incluiu seu nome em uma petição que pedia intervenção de Portugal no caso. O documento foi assinado ainda pelo escritor português Almeida Faria, o cineasta Béla Tarr, o filósofo Jacques Rancière e o diretor Gus Van Sant.

“Vi pessoas de várias partes do mundo, organizações de cariz civil, personalidades, desconhecidos com experiências de luta na primeira pessoa que, sozinhos ou em grupo, se aglomeram no pedido da nossa libertação. Já o sentíamos antes, mas não com esta dimensão”, afirma Beirão na “Carta aos meus companheiros de luta”.

“Já não somos mais os ‘arruaceiros’. Já não somos mais os ‘jovens revús’. Já não estamos sós. (...) Somos todos revolucionários.”

José Eduardo dos Santos está no poder há 36 anos na Angola, considerado o segundo maior produtor de petróleo da África. Ele se tornou chefe de Estado em 1979, quatro anos após a independência do país, ex-colônia de Portugal.

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