O ator Gérard Depardieu anunciou neste domingo (16) ao primeiro-ministro socialista Jean-Marc Ayrault que "devolve o passaporte" francês depois de se considerar "insultado" pelos que criticaram seu exílio fiscal na Bélgica.

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"Não peço que me aprovem, mas ao menos quero ser respeitado. Todos os que saíram da França não foram insultados como eu tenho sido", escreveu o ator ao primeiro-ministro, que considerou "bastante ruim" a mudança do artista para a Bélgica.

Ao que parece, esta declaração motivou a resposta do ator de 63 anos e sua renúncia à nacionalidade francesa.

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Depardieu afirma que sempre pagou seus impostos e recorda ao chefe de Governo que começou a trabalhar aos "14 anos em uma gráfica, como agente de manutenção e depois como artista dramático".

"Devolvo meu passaporte e meu seguro social, que nunca utilizei Não temos a mesma pátria, eu sou um verdadeiro europeu, um cidadão do mundo, como sempre me ensinou meu pai", conclui o ator.

A carta foi publicada no Journal du Dimanche. Depardieu apoiou publicamente o ex-presidente Nicolas Sarkozy na eleição de maio, vencida pelo socialista François Hollande.

A estrela de cinema se mudou recentemente para a cidade belga de Estaimpuis, no município de Néchin, que tem 27% da população de ricos expatriados, o que provocou uma onda de indignação na França, sobretudo em setores da esquerda que não perdoam o apoio de Depardieu a Sarkozy.

Estampuis fica a um quilômetro da fronteira francesa e a apenas 20 km da cidade de Lille.

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Depardieu, um dos atores franceses mais famosos em todo o mundo, é o mais recente de um clube de milionários franceses - incluindo Bernard Arnault, proprietário do grupo de luxo LVMH e homem mais rico da França - com residência fiscal na Bélgica, o que oferece grandes vantagens fiscais sem a necessidade de obter a nacionalidade belga.

Em outubro, os deputados franceses aprovaram um imposto excepcional de 75% sobre altas arrecadações, medida anunciada pelo presidente François Hollande durante a campanha presidencial e criticada pela direita como uma medida "simbólica" que vai gerar pouca arrecadação.

A polêmica contribuição taxará durante dois anos os contribuintes com faturamento superior a um milhão de euros por ano, o que certamente é o caso de Depardieu.

O ator é proprietário de restaurantes e vinhedos na França, Argentina e Espanha.

Para gerar ainda mais indignação entre parte da população, a imprensa revelou esta semana que Depardieu colocou à venda sua mansão em Paris, um palacete com piscina interna pelo qual pede 50 milhões de euros.

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"O último milionário que sair da França apague a luz", afirmou durante a semana o jornal Le Parisien.

A imprensa aproveitou para lembrar que o intérprete de filmes como "Cyrano de Bergerac", que recentemente provocou outro escândalo ao urinar em um avião diante de outros passageiros, terá que comparecer à justiça francesa depois de ter sido detido por dirigir embriagado em Paris.