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Sandra Bullock faz o melhor papel de sua carreira como uma médica numa situação-limite | Divulgação
Sandra Bullock faz o melhor papel de sua carreira como uma médica numa situação-limite| Foto: Divulgação

Cinema

Confira informações deste e de outros filmes no Guia JL.

Viagens espaciais não são novidade no cinema. O tema já serviu a elucubrações profundas – e algo herméticas – sobre a condição humana diante dos avanços tecnológicos do homem, centrais nos clássicos Solaris (Andrei Tarkovski) e 2001 – Uma Odisseia no Espaço(Stanley Kubrick). Também deu margem a exercícios antológicos em gêneros mais ligados ao entretenimento, como o terror (Alien – O Oitavo Passageiro, de Ridley Scott) e a aventura de fundo histórico (Apollo 13, assinado por Ron Howard). Talvez por isso Gravidade, filme do cineasta mexicano Alfonso Cuarón (do ótimo Filhos da Esperança), que estreia hoje no Brasil, seja tão notável (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Em um dos melhores filmes do ano, o diretor consegue fazer uso do que há de mais avançado em termos de tecnologia aplicada ao cinema, inclusive o 3D, a serviço de uma discussão fundamentalmente existencial e intimista. E consegue injetar frescor e invenção a um gênero que parecia fadado ao lugar-comum.

George Clooney vive Matt Kowalski, um experiente astronauta que comanda a sua última missão antes da aposentadoria. É um sujeito bonachão, charmoso e cheio de piadas e histórias para contar, muitas delas já conhecidas por toda a Nasa. Ele, no entanto, não passa de um coadjuvante importante na jornada de outra integrante da tripulação, ela sim heroína e protagonista: a médica Ryan Stone (Sandra Bullock), marinheira de primeira viagem que se torna o epicentro emocional de Gravidade.

Quando a explosão de um satélite russo corta quaisquer possibilidades de comunicação de Kowalski e Ryan com a Terra, destroços, em altíssima velocidade, atingem em cheio a nave, e o restante da tripulação, deixando os dois à deriva. O plano-sequência que abre o filme se estende até esse primeiro momento de reviravolta da trama e já é, sem exageros, um marco. Assim como o plenamente justificável, e talvez indispensável, uso da tecnologia 3D, que, em um mundo onde tudo flutua e as referências espaciais se confundem, proporciona ao público um espetáculo sensorial e tanto.

Todos os efeitos visuais e sonoros do filme, por mais embasbacantes que sejam, não conseguiriam fazer de Gravidade o filme notável que é não fosse o roteiro enxuto e afiado de Cuarón e seu filho, Jonás. A transcendência é fundamental à trama. Ryan, também graças à melhor atuação de Sandra Bullock em sua carreira, é uma astronauta, mas poderia ser uma exploradora do século 19 perdida em um deserto, ou um navegador da época dos descobrimentos. Seu confronto com a possibilidade da finitude, e redescoberta do sentido de sua existência, desafiam a gravidade – ou a falta dela. GGGG1/2

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