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Inserir a comunidade em discussões e reflexões sobre a arte contemporânea é um dos principais objetivos do projeto de extensão Oficina Permanente de Gravura, idealizado pelo Curso de Artes da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O resultado dessa proposta pode ser conferido a partir de amanhã, no Espaço Cultural BRDE, na exposição Gravados, que reúne o trabalho de 12 participantes. "Promovemos vários eventos ao longo do ano com diferentes grupos. Essa mostra está sendo realizada com artistas mais experientes, que inclusive ministram cursos. Ela também conta com a participação de alguns professores", explica Dulce Osinski, coordenadora do projeto.

Por meio de cursos, palestras e outras atividades, a oficina ministrada por Osinski e pelo professor Ricardo Carneiro destaca o aprendizado de meios de reprodução tradicionais, técnicas contemporâneas e conversas sobre diversas linguagens da arte. "O projeto não tem o objetivo de apenas realizar cursos. Os artistas se reúnem para discutir os seus trabalhos, com ênfase na reflexão e no diálogo com outras expressões artísticas", conta Osinski.

A mostra vai reunir propostas diversificadas, elaboradas com o uso de diferentes técnicas, como as tradicionais gravura de metal, xilogravura (madeira) e linoleogravura (derivado do plástico), além de algumas experimentações de manipulação de imagens digitais, serigrafia, estêncil e plotagem.

O papel é usado como suporte da impressão e os temas agregam inúmeras questões que envolvam esse universo, como a permanência e o diálogo com outras expressões artísticas. "Os trabalhos são inéditos e muitos nem foram produzidos no nosso ateliê. Apesar dos diferentes estilos, todos preservam os conceitos básicos da gravura", comenta.

Anônimos

A artista gráfica Adriana Pasa apresenta retratos de funcionários de espaços de arte reproduzidos em retícula de outdoor, entre eles um monitor da Casa Andrade Muricy e o vigia da UFPR. De longe, as imagens são nítidas, mas com a proximidade, perdem a definição e revelam a mensagem "Você não sabe nada a meu respeito". "Essas pessoas passam despercebidas pelo ambiente, são como seres invisíveis, mas elas existem", explica Pasa.

Os trabalhos do carioca André de Medeiros também abordam temas sociais. As suas xilogravuras denunciam o descuido com os bens tombados dos grandes centros urbanos. As peças, integrantes de "Demolição", fazem parte de uma série de 350 imagens inéditas. "Elas são criadas a partir de construções abandonadas verdadeiras e o fundo é feito de classificados de imóveis novos", descreve.

Por outro lado, o paranaense Glauco Menta questiona os limites do design de moda e da arte em gravuras em metal de grifes universais, como Chanel e Christian Dior. "Eu acredito que moda e arte são coisas diferentes, mas não pretendo defender a minha opinião, quero refletir sobre algumas teorias que se tornaram confusas. Será que um produto atribuído ao comércio pode ser considerado arte?", questiona.

Serviço: Abertura da exposição Gravados, com artistas da Oficina Permanente de Gravura da UFPR. Espaço Cultural BRDE (Palacete dos Leões – Av. João Gualberto, 530), (41) 3219-8184. Amanhã, às 19 horas. Até 9 de dezembro.

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