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Paisagem com Capela, de 2003, retrata a gélida Guarapuava. Ao lado, o quilombo Campina dos Morenos | Valdir Cruz/Reprodução
Paisagem com Capela, de 2003, retrata a gélida Guarapuava. Ao lado, o quilombo Campina dos Morenos| Foto: Valdir Cruz/Reprodução

Livro

Guarapuava

Valdir Cruz. Terra Virgem Edições, 167 págs., R$ 150.

O guarapuavano Valdir Cruz chegou aos Estados Unidos no fim da década de 1970 com cem dólares no bolso, sem formação técnica ou ideia do futuro, somente com a disposição de mudar de ares. Na terra que promete oportunidades para todos, aprendeu a profissão de torneiro mecânico em Nova Jersey – na época, a fotografia, seu ofício hoje, ainda era sonho distante. Foi numa noitada no West Village em Nova York, em 1981, que o amigo e também fotógrafo George Stone o atentou para seu bom olho. No fim de semana seguinte, Stone escolheu a primeira câmera de Cruz, que nunca mais parou, e hoje é um dos fotógrafos mais importantes do mundo. Amanhã, ele lança no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, a partir do meio-dia, a obra Guarapuava (Terra Virgem Edições), com retratos de sua terra natal.

Cruz também apresentará no MIS (que em maio realiza seu tradicional mês dedicado à fotografia), uma individual com 40 imagens, que estará ao lado de obras do nova-iorquino Gregory Crewdson, do checo Josef Koudelka e do baiano Robério Braga. A mostra itinerante passará por Salvador, Nova York e chegará a Curitiba no Museu Oscar Niemeyer (MON), com abertura prevista para agosto. O fotógrafo encerrará 2014 com a exposição na cidade natal, programada para ocorrer na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em dezembro.

Cruz, que hoje se divide entre Nova York e São Paulo, começou a desenvolver o projeto sobre sua cidade natal praticamente sozinho. Foi em Guarapuava, diz, que ele aprendeu a sobreviver e a desenvolver fortes vínculos com a natureza, uma das marcas do seu trabalho, voltado para a área socioambiental.

Em depoimento pessoal no livro, o fotógrafo conta um pouco de sua infância, e de como enfrentava o rigoroso inverno do terceiro planalto paranaense. Vendeu laranja em cesta de vime e picolés para ajudar em casa, sem nunca deixar de lado as idas ao Cine Guará e as tradicionais trocas de gibis com os meninos da cidade. Participou de colheitas de batata e foi registrado, aos 18 anos, como auxiliar de contabilidade. Viveu com liberdade a juventude na "linda e inocente Guarapuava", um modo de vida que hoje, reconhece, não existe mais.

Depois da fatídica noite no Village, resolveu se matricular, em 1983, na Germain School of Photography, e começou a trabalhar, dois anos depois, com George Tice, um dos mais importantes fotógrafos dos Estados Unidos. Hoje, Cruz integra a coleção permanente do Museu de Arte de Nova York (Moma), e, apesar de ter feito carreira internacional, sempre documentou o Brasil.

Guarapuava

O projeto para o livro foi tocado em paralelo com outros trabalhos, e traz fotos das paisagens gélidas, do povo local e das tribos indígenas. Valtinho, amigo de infância, o ajudou a chegar à maioria dos locais com o seu velho Jipe 1963. Hoje, fotos da cidade do centro-sul paranaense estão em acervos de 12 coleções de museus nos EUA. Foi a forma que Cruz encontrou de mostrar Guarapuava ao mundo.

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