Haikai propõe salto no escuro

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Compreender é tudo o que você não deve esperar de Haikai, um dos dois únicos espetáculos paranaenses da Mostra 2013, um texto original encomendado pela atriz curitibana Nena Inoue ao diretor e dramaturgo carioca Roberto Alvim, que tem estreia nacional hoje e amanhã, às 21 horas, no Espaço Cênico – com ingressos esgotados. Completam o elenco Paulo Alves e Martina Gallarza.

"Partimos de elementos identificáveis rumo a um território não familiar, estranho, completamente desconhecido", descreve Alvim. "O começo da peça é um trampolim para este lugar misterioso, como se fosse um salto no escuro. E essa viagem é bastante perturbadora, em geral as pessoas ficam bastante desconcertadas no final."

O "haikai" do título se refere à estrutura dividida em três partes – aparentemente independentes entre si: na primeira, uma série de crimes é sugerida; na segunda, a cena é povoada por pesadelos infantis; e a parte final gira em torno de um aterrorizante ritual de invocação de espíritos.

As reações à montagem prometem ser as mais diversas: "Nos ensaios abertos, diante de uma mesma cena, algumas pessoas da plateia ficam de olhos arregalados, outras sorriem e outras podem ir às lágrimas", destaca o diretor. "Eu me recuso a conduzir as pessoas como se fossem gado ou criancinhas; quando todos riem ou choram na mesma hora, não se trata de arte, mas de um produto cultural."

Nem sempre as pessoas aceitam bem a experiência. "Em geral, grande parte da plateia odeia profundamente, mas outra parte, que aceita este convite, se conecta com a peça de um modo fértil para o imaginário", analisa o diretor, que adverte: "Este é um espetáculo para quem está interessado em caminhar por veredas estéticas estranhas e desconhecidas. Não vá esperando ter o mesmo tipo de sensações que você tem normalmente no teatro. É preciso ir com a mente aberta, para se entregar a uma experiência nova."