• Carregando...
A jornalista Solange Stecz assumiu a coordenadoria de Cinema e Vídeo da Fundação Cultural de Curitiba em janeiro | Albari Rosa/Gazeta do Povo
A jornalista Solange Stecz assumiu a coordenadoria de Cinema e Vídeo da Fundação Cultural de Curitiba em janeiro| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Fazer um trabalho à altura da memória do escritor e cineasta Valêncio Xavier (1933-2008), criador da Cinemateca do Museu Guido Viaro, em 1975 – o espaço se tornaria a Cinemateca de Curitiba 23 anos mais tarde. Este é o desafio a que se propõe Solange Stecz, coordenadora de Cinema e Vídeo da Fundação Cultural de Curitiba desde janeiro, o que inclui a direção da Cinemateca e do Cine Luz, atualmente os dois únicos cinemas da prefeitura (após a reforma do Centro Cultural do Portão, volta à lista o Cine Guarani).

Solange retorna ao espaço que a recebeu como estagiária no início da década de 1980. "Minha carreira como pesquisadora de cinema começou aqui por meio de um trabalho pioneiro de Valêncio Xavier sobre as primeiras referências de exibições e filmagens cinematográficas em Curitiba", lembra. Ela coordenou uma pesquisa que mapeou a produção de todo o período mudo do cinema regional – e que a estimulou a realizar mestrado em História Social sobre o Cinema Paranaense entre 1900 a 1930, na Universidade Federal do Paraná.

Coração preservado

A experiência como jornalista e historiadora – e como Secretária Nacional do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro – certamente contribuirá com a coordenadora para a criação de estratégias de divulgação e preservação da memória. "Minha formação possibilita pensar o acervo da Cinemateca como seu coração. Um coração a ser preservado e apresentado à comunidade", diz.

Ela conta que a Cinemateca dá início à segunda etapa de um projeto iniciado no ano passado, que recuperou 16 filmes com recursos da Lei Rouanet e da Petrobras. Agora, outros 29 filmes serão restaurados, cinejornais dos anos 1920 a 1950, que serão exibidos não só na Cinemateca, mas em Ruas da Cidadania, escolas e associações de moradores. "Assim, eles voltarão ao seu verdadeiro lugar: a memória dos curitibanos."

O acervo, de quase 2 mil rolos de filme e mil fitas de vídeo, também é fonte de pesquisa para estudiosos e entidades de todo o país. Solange informa que a Cinemateca ainda presta consultoria de imagens para produções de cinema e tevê.

Mostras

O grande destaque da programação fica por conta da realização de uma série de mostras. A primeira, de 3 a 5 de abril, exibe três longas-metragens do ator, fotógrafo e cineasta alemão Bernard Wicki, em parceria com o Instituto Goethe.

"A conexão que estabelecemos com órgãos culturais e representações diplomáticas permite trazer a Curitiba uma programação diversificada", diz Solange. Em parceria com o Consulado da Polônia, será possível abrigar uma mostra comemorativa aos cem anos do cinema polonês, com início em 17 de abril; com a Aliança Francesa, serão exibidas, ainda sem previsão de data, mostras que terão como tema o cinema de Agnes Vardà e de Alan Resnais, entre outras; com o Tempo Glauber, órgão de preservação da memória de Glauber Rocha, deverá haver uma mostra sobre os 70 anos do cineasta baiano.

Como parte da programação do Ano da França no Brasil, em maio a Cinemateca exibe 60 filmes de animação inéditos. Também estão previstas exibições de produções espanholas, japonesas e latinas. Por fim, Solange está negociando a viabilização de uma grande mostra sobre os 50 anos do cinema cubano, que trará um painel sobre a produção audiovisual de Cuba, além de palestras e workshops.

A coordenadora também quer trazer filmes já lançados no mercado nacional, mas ainda aguardados pelo público curitibano. "Já trouxemos O Segredo do Grão (2007), de Abdel Kechiche, em cartaz no Cine Luz. Esperamos trazer ainda neste semestre o polêmico Filmefobia (2008), de Kiko Goifmann, premiado como melhor filme do Festival de Brasília de 2008", conta Solange.

Uma boa novidade. Na Sala Limite, um pequeno espaço alternativo dentro da Cinemateca, serão organizadas as exibições do circuito universitário e de novos realizadores, numa tentativa de ampliar a aproximação com a academia. "Queremos trazer os estudantes cada vez mais para a Cinemateca, realizando mostras e promovendo discussões", diz Solange. Como o Ciclo de Debates, por exemplo, que traz à cidade grandes nomes do cinema brasileiro.

A Cinemateca também dará continuidade ao Curso de Cinema, que desde 2007 integra a Rede Olhar Brasil, do Ministério da Cultura. Já foram realizados oito cursos de cinema com duração de três meses. O próximo terá início em abril, com 30 alunos já selecionados em uma pré-seleção na qual se inscreveram 259 pessoas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]