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O cinema sempre falou de amor. Até quando era mudo. Os dilemas, horrores e delícias do relacionamento a dois estão no cerne de títulos que vão de Luzes da Cidade (de Charles Chaplin) a Vicky Cristina Barcelona (de Woody Allen). E nunca parecem cansar. Porque o tema, por mais atemporal e universal que seja, continua a se reinventar. Dois filmes em exibição nas telas de Curitiba neste fim de semana o abordam de forma diversa, com resultados igualmente díspares: o drama Amantes (veja trailer e fotos) e a comédia romântica A Verdade Nua e Crua (veja trailer e fotos). O primeiro é bem melhor do que o segundo, apesar de ambos lidarem, cada um a sua maneira, com um assunto interessante e supercontemporâneo: a fragilidade emocional masculina.

Esse traço em comum é fundamental no tocante Amantes. O protagonista, Leonard (Joaquin Phoenix, em grande desempenho), está em um limbo existencial. Mergulhado em profunda depressão desde que a noiva o deixou por conta de uma incompatibilidade genética – jamais teriam filhos saudáveis –, ele parece não encontrar um sentido na vida. Até que cruzam seu caminho, mais ou menos ao mesmo tempo, duas mulheres. A meiga Sandra (Vinessa Shaw, de Melinda e Melinda) é filha de amigos de seus pais (os excelentes Isabella Rossellini e Moni Moshonov) e representa um futuro seguro e previsível. Ela é o oposto de Michelle (Gwyneth Paltrow), vizinha de prédio com quem Leonard estabelece uma conexão instantânea, apesar de ela viver um doloroso e complicado caso amoroso com um homem casado (Elias Koteas).

Em A Verdade Nua e Crua, a dor do protagonista Mike (Gerard Butler, de P.S. Eu Te Amo, está impagável) surge primeiro travestida de autoconfiança e uma generosa dose de arrogância cafajeste. Ele é o apresentador de um programa de tevê chamado The Ugly Truth, no qual desempenha o papel de um conselheiro amoroso pouco ortodoxo. Para Mike, os homens são seres primários que só pensam em sexo e não querem saber de papo cabeça, jantar à luz de velas e mulheres independentes demais. Cabe a elas compreender isso e usar essas limitações de seus possíveis futuros companheiros a seu favor. Acontece que esse discurso não passa de um mecanismo de defesa do machão profissional.

Sucesso de audiência, Mike é contratado para ser comentarista de um noticiário matutino, para desespero da produtora Abby (Katherine Heigl, a Izzy, do seriado Grey’s Anatomy e "a namoradinha da América" do momento). Ela encarna tudo aquilo que ele diz detestar numa mulher: é mandona, inteligente e bem-sucedida. Mas muito infeliz no amor, porque, segundo ele, "ainda acredita no mito do amor romântico" ao mesmo tempo em que insiste em se comportar como uma "megera no cio".

Amantes investiga o dilema de um homem diante da impossibilidade de ser feliz porque o amor insiste em lhe dizer: "Não, não é para você". E o faz com a mão segura, estilosa e, sobretudo, sensível de James Gray, um dos mais interessantes diretores americanos da atualidade, responsável pelo intrigante Os Donos da Noite. A Verdade Nua e Crua, por sua vez, aposta num registro bem menos sutil: usa o discurso sexista e chulo de Mike como atrativo e elemento-surpresa para uma história de amor bem mais convencional do que tem a pretensão de ser. O filme de Robert Luketic (do sucesso Quebrando a Banca) é engraçado, politicamente incorreto na superfície, mas formulaico e conservador do início ao fim.

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