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Músico tem 27 anos e é ex-jogador de basquete. | Divulgação
Músico tem 27 anos e é ex-jogador de basquete.| Foto: Divulgação

Um samba-rock sépia e inofensivo é o que temos em Enquanto Sonho Não Consigo Dormir. Se os arranjos são de bom gosto e a produção é acima da média para o primeiro disco de um artista da terrinha, o resultado do álbum vai contra sua “propaganda.” O motivo, talvez, seja a imaturidade de Domiciano enquanto compositor, apesar das boas referências e do profissionalismo do trabalho como um todo – do tratamento com a imprensa ao produto final.

Há um exagero harmônico, por exemplo, em “E Se”, que transita de forma interessante entre a bossa e o rock, embora não vá além disso. “Diário de um Amante” traz metais bem comportados em um arranjo sofisticado. O baixo segura a onda em um groove bacana, enquanto a letra volta a tratar do tempo, ou da passagem dele.

Das mais interessantes é “Captei”, cuja letra abrange outros temas que não o escapismo ou a incerteza. “Rua que não dá em nada/ O esgoto que dá na praia/ Gosto que não se discute/ Não dá para entender/ Cachorro que não tomba lata/ Faca que não corta/ Bicicleta em Ponta Grossa/ Não dá para entender”. O bom-humor pontual, em meio à sequência de canções “bege” se sobressai – e em sua essência lembra inclusive “Num Pode Ser”, ótima música do Karnak: “Num pode ser/ Que o rei ficou pelado/ Num pode ser/Ela trocou de namorado/Num pode ser/ O homem que esqueceu da lua/ Num pode ser/ Carpaccio é uma carne crua.”

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Há vez ainda para uma quase balada que poderia ser trilha de novela das 9, “Lógico de Que Você”; a lúdica “Intocável”, com assovios e um piano maroto; uma valsa vaudeville, em “Nós Dois em 3 por 4” e “Corrida dos Tempos”, a menos óbvia do disco, a mais interessante musicalmente, porque possui diferentes partes, algumas instigantes.

Não é um registro de todo ruim para um primeiro trabalho solo. Mas, ao chamar tanta gente boa para trabalhar ideias nem tão claras ou desenvolvidas assim, foi como colocar o carro na frente dos bois.

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