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Problemas psicológicos, fragilidade emocional, pesada dependência de drogas. Entre artistas tudo isso não é exatamente novidade, mas vem sendo cada vez mais recorrente no noticiário a presença de famosos com crises nervosas ou sob internação em clínicas de desintoxicação.

É preciso pouco esforço para lembrar os casos mais recentes: os cantores Britney Spears e Robbie Williams, a atriz Lindsay Lohan, a modelo Kate Moss e seu namorado, o roqueiro Pete Doherty, encabeçam uma longa lista de exemplos de celebridades com problemas de dependência química e atitudes controversas. No Brasil, artistas como Renato Russo e o ex-Polegar Rafael Ilha enfrentaram problemas semelhantes.

Ainda que não haja patologias específicas dos famosos ou estudos que comprovem uma incidência maior de transtornos mentais entre eles, o fato de todas as atenções estarem voltadas para seus movimentos traz efeitos, que mal administrados, podem se tornar extremamente negativos.

Para o psiquiatra inglês David Giles, autor do livro "Illusions of immortality: a psychology of fame and celebrity" (Ilusões de imortalidade: uma psicologia da fama e celebridade), existe primeiramente uma "lua de mel" com a notoriedade para, após um tempo, surgirem as primeiras dificuldades de lidar com ela.

"Para muitas pessoas, a coisa mais estressante em relação à fama acontece quando há um desejo por um ambiente social normal, com privacidade, liberdade, um espaço particular e por aí vai", afirma Giles, em entrevista ao G1.

Em paralelo há a preocupação quanto à imagem passada para o público, seja ela bem-comportada ou ousada, e nem sempre correspondente ao que o artista é pessoalmente. Isso, segundo especialistas, acaba sendo uma prisão e fonte de ansiedade para o artista.

Leo Braudy, professor da University of Southern California e autor de "The frenzy of renown: fame and its history" (O furor pelo reconhecimento - fama e sua história), diz ao G1 que "manter uma imagem de bom comportamento é um peso em pessoas normais, mas qualquer imagem, mesmo uma de ousadia, é de qualquer forma uma imagem e difícil de sustentar dia sim, dia não sem que as rachaduras comecem a aparecer".

Braudy cita como exemplo o caso de Britney Spears. "Eu acho que ela está tendo um colapso que é resultado de sua falta de habilidade para lidar com a atenção que ela recebe e também a necessidade dela de manter seu público envolvido com sua história e,de forma bem secundária, com a sua música."

Drogas na fama

Em meio às pressões para se manter no showbiz, uma das saídas que artistas não raro recorrem são as drogas, fator comum a Britney Spears, Robbie Williams, Pete Doherty e outros muitos personagens retratados nos tablóides.

O ex-cantor do grupo Polegar Rafael Ilha, 34, relata que antes mesmo do sucesso de seu grupo já havia se iniciado logo aos 12 anos no consumo de drogas como maconha e cola de sapateiro, além de álcool, vícios que o acompanharam até a descida ao fundo do poço em sua carreira. Ele diz que chegou a gastar ao equivalente R$ 7 mil em uma única noite com drogas e prostitutas.

"Fama é ilusão. Você sente o glamour, sente que tem um poder que muitas vezes você não tem", diz Ilha, que chegou a ser preso em 1998 tentando roubar um vale-transporte e R$ 1 de uma balconista para comprar entorpecentes e engoliu uma pilha e um isqueiro após uma crise de depressão. Hoje é proprietário de clínicas de recuperação nas cidades de Embu-Guaçu e Itapecerica da Serra (ambas no Estado de SP).

Como lidar com a fama

Para o psiquiatra David Giles é justamente o passar dos anos um fator que ajuda a lidar com as conseqüências negativas da fama. "Quanto mais velho você fica, mais fácil parece ser lidar com isso. Você tem mais experiência para tocar a vida. Você tem uma visão menos inocente em relação ao que é a mídia", afirma.

"Eu acho que a ingenuidade caracteriza muitas celebridades. Elas amam as câmeras em um primeiro momento, então, quando se acostumam com elas, desejam que desapareçam. Mas a verdade é que as celebridades não suportariam perder a fama."

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