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O delegado Francisco Magano, da 2ª Delegacia da Divisão de Homicídios, disse nesta segunda-feira (7) que as imagens do Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt, no Centro de São Paulo, continuam a ser trabalhadas para ajudar na identificação do autor dos disparos no dramaturgo Mario Bortolotto, de 47 anos.

A tentativa de latrocínio ocorreu na madrugada de sábado (5) no espaço cultural. Bortolotto reagiu ao assalto e se atracou com um dos homens armados depois que este agrediu a atriz Guta Ruiz. Ele segue internado na Santa Casa de Misericórdia, no Centro de São Paulo, depois de ter levado ao menos dois tiros.

Segundo o delegado, nenhum dos quatro homens que invadiram o local foi identificado até o momento. "Só temos as imagens (do circuito interno do teatro) até o momento. As imagens estão sendo trabalhadas até hoje (segunda-feira) para melhorar a nitidez delas. Por ora, é o que temos", afirmou Magano, em entrevista coletiva.

De acordo com o delegado, no espaço cultural foram recolhidas sete cápsulas de pistola deflagradas e um prójetil não deflagrado. Além disso, nenhuma das testemunhas prestou depoimento formalmente no inquérito que investiga o crime. "As pessoas foram ouvidas no local pelos investigadores, mas informalmente. Agora, vão começar a ser convocadas", disse. Para o delegado, o indício é que se trata de "um crime contra o patrimônio, um latrocínio".

Consciente

O dramaturgo Mário Bortolotto está consciente e com quadro clínico estável, sob efeito de sedativos e respira com suporte de aparelhos, informou nesta segunda a Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo, por meio de boletim médico divulgado às 16h.

Bortolotto foi hospitalizado na madrugada do último sábado, após ser baleado em assalto ao Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt. O dramaturgo foi atingido no tórax, pescoço e ombro e passou por cirurgia para a retirada das balas. Ele permanece internado na UTI.

O crime aconteceu por volta 5h50, quando quatro homens armados invadiram o bar do espaço cultural. Segundo testemunhas, Bortolotto enfrentou um dos bandidos e acabou sendo baleado.

O ilustrador Carlos Carcarah, de 30 anos, também foi ferido pelos disparos e recebeu alta nesta segunda-feira (7). Assim que deixou o hospital, Carcarah falou ao G1 sobre o ocorrido. De acordo com o artista, Bortolotto demorou um pouco mais para perceber que tratava-se de um assalto.

"Ele disse: ‘Você vai atirar? Então atira!’. E acertou o cara. Eles se atracaram, e nessa hora todo mundo já estava abaixado, no chão. O Mário foi empurrando ele para fora, e acabou caindo em cima dele. Nessa hora eu o chutei, e ele atirou em mim", lembra.

No domingo (6), atores do grupo Parlapatões fizeram um ato público em homenagem à Bortolotto e contra a violência. O público chegou e ficou do lado de fora do teatro para protestar. Atores e amigos do dramaturgo leram trechos de suas obras e o Espaço Parlapatões, na região central, ficou pequeno.

Espaço Parlapatões ficará fechado por tempo indeterminado em respeito e consideração ao drama vivido pelo autor de teatro

Trajetória de sucesso no teatro

Nascido em Londrina, no Paraná, Bortolotto é um dos mais respeitados autores da cena teatral brasileira, com cerca de 27 montagens. Com textos modernos, que misturam elementos do rock, dos quadrinhos e do cinema, já foi premiado pelo conjunto de sua obra pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), além de ter recebido o prêmio Shell de Teatro pelo espetáculo "Nossa vida não vale um Chevrolet", em 2008.

Bortolotto também é escritor e tem quatro livros lançados: a coletânea de poesias "Para os inocentes que ficaram em casa" e os romances "Mamãe não voltou do supermercado", "Bagana na chuva" e "Atire no dramaturgo". Este último, lançado em 2006, reúne os textos que ele escreve em seu blog homônimo há 5 anos.

O dramaturgo também costuma se apresentar na noite paulistana com sua banda de rock, a Saco de Ratos Blues, que mistura poesia e canções pouco conhecidas de artistas como Itamar Assumpção e Cazuza.

Atualmente, no Espaço Satyros, na mesma praça Roosevelt, havia peças de Bortolotto em cartaz, como "A lua é minha" e "Brutal".

O dramaturgo também é autor dos espetáculos "O natimorto", adaptação do romance de Lourenço Mutarelli, "A frente fria que traz a chuva" e "Getsêmani".

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