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Volante Claiton é uma das novidades no time de Antônio Lopes. Furacão precisa vencer para respirar | Pedro Serápio / Gazeta do Povo / Arquivo
Volante Claiton é uma das novidades no time de Antônio Lopes. Furacão precisa vencer para respirar| Foto: Pedro Serápio / Gazeta do Povo / Arquivo

As vovós das histórias infantis têm bochechas rosadas, sorriso e olhar maternais? Os bichos são todos fofos e peludos? Imagens como essas se fixaram no imaginário das pessoas como algumas das representantes mais características das ilustrações para crianças.

"Criou-se um certo padrão de ilustração infantil que já está sendo quebrado", acredita a ilustradora Márcia Széliga, autora da avó nada convencional (mas coerente com a realidade) que ilustra esta matéria e é a protagonista do livro Dona Salete de Copacabana (Salesiana, 24 págs., R$14), dos escritores Liana Leão e Luiz Otávio."

A ilustradora considera a sua arte uma aliada do texto para apresentar o universo da história ao leitor-mirim, e fazê-lo se sentir co-autor das aventuras vividas pelos personagens. "Vejo a ilustração como algo a mais, o que está nas entrelinhas", opina a artista curitibana.

Para alcançar o público infanto-juvenil, Márcia evita que as imagens que cria se tornem apenas elementos de embelezamento e marketing para a obra. "Eu parto do princípio de que, para a criança, tudo tem vida, até o desenho e a palavra", conta. Ela, então, busca, na aproximação com os filhos, no contato com alunos e no auto-conhecimento (sua "criança interior"), a melhor maneira de deixar de lado os padrões estabelecidos pelos adultos, para que as suas ilustrações se comuniquem melhor com as crianças.

O ilustrador Fernando Vilela, finalista, com duas obras, do Prêmio Jabuti 2007 na categoria Melhor Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil, entre elas o livro Lampião e Lancelote (Cosac Naify, 52 págs., R$ 49), também procura "fugir do lugar-comum" nas suas criações.

"Uma ilustração interessante é aquela que reinventa a maneira de compor a cena e desenhar os personagens, que experimenta técnicas diferentes e reinventa as tradicionais", opina o artista paulista. Ele diz que as editoras têm medo de arriscar e, por isso, a grande maioria dos livros traz ilustrações "adequadas", mas pouco experimentais.

Lampião e Lancelote é uma exceção. Escrito e ilustrado por Vilela, o livro traz gravuras feitas por carimbos artesanais de borracha. As cores também são um tanto inusitadas para o universo infantil: preto, prata e cobre. "É uma experimentação plástica", revela.

Ele se arriscou na linguagem anti-convencional e se surpreendeu com a boa aceitação, inclusive de colégios que adotaram o livro, o que indica que "as crianças estão preparadas para o novo". "A gente não tem que facilitar para a criança. Ela só melhora o vocabulário quando lhe apresentam novas palavras, a mesma coisa acontece com a ilustração", opina.

O ilustrador acredita que os livros infanto-juvenis têm o papel de proporcionar às crianças uma experiência estética tanto pelo texto quanto pela imagem e, nesses dois territórios, a originalidade e a experimentação cumprem a função de aumentar as possibilidades do universo infantil. A ilustração, portanto, além de ajudar a contar a história, seria também a porta de entrada das crianças para o mundo das artes plásticas.

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