A atriz Bianca Comparato é a protagonista da série que retrata o drama da conquista da liberdade| Foto: Divulgação

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A Menina sem Qualidades

Segunda-feira a quinta - feira, às 23 horas, na MTV.

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O diretor de teatro e cinema curitibano Felipe Hirsch disse que conseguiu fazer a "televisão dos seus sonhos" com a série A Menina sem Qualidades que estreia hoje, às 23 horas, na MTV. "Acreditaram na minha ideia e me disseram: faça. Sem nenhum tipo de ingerência. É uma tevê que não existe", disse. O programa é uma adaptação do romance homônimo da escritora alemã Juli Zeh (publicado no Brasil pela editora Record).

"O livro me impressionou muito. Quando o tradutor Marcelo Backes [coautor do roteiro da série ao lado de Hirsch] me mostrou o texto, eu guardei para usá-lo quando aparecesse a melhor oportunidade."

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O convite veio após Hirsch dirigir para a emissora um especial sobre o Legião Urbana no ano passado. É a primeira incursão da MTV em dramaturgia. A produção de 12 capítulos (com duração de seis horas no total) custou cerca de R$ 3 milhões. "É uma produção de baixo orçamento, mas muito centrada na forma e na linguagem que a gente achou", afirmou Hirsch.

A história é protagonizada por Ana (Bianca Comparato), uma menina de 16 anos, inteligente e soturna que se envolve em um jogo de sedução com Alex (Rodrigo Pandolfo), um garoto estranho e manipulador. A trama envolve ainda um professor de ambos e tem como cenário uma escola "liberal" de classe média alta.

O enredo – que tem doses ousadas de sexo e violência – foi transposto da pacata Bonn, na Alemanha, para o universo tenso de uma metrópole como São Paulo. "É um romance de formação, que tem um impacto muito grande sobre o que pode despertar a paixão na juventude", disse o diretor.

Ele também destaca a atuação do elenco. Além do casal de protagonistas, os atores argentinos Javier Drolas e Inés Efron também têm interpretações "marcantes".

Gerações

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Hirsch, que em seus trabalhos mais famosos e premiados em teatro e cinema também tratou do tema "juventude", contou que o tema o fascina.

Para ele, é "papel de cada geração negar a que a antecedeu com atos de heroís­­mo e rebeldia de pessoas que, mesmo repetidos, não são em vão".

"Cada geração precisa reconquistar a sua liberdade. Para muitas foi muito duro. Para outras, mais fácil. O problema é o que fazer com a liberdade quando esse espaço é conquistado. Essa é uma das principais discussões da série", disse.

Resultado

Feliz com o resultado de sua estreia como autor televisivo, Hirsch concorda que na televisão (em especial, a norte-americana) vive em uma fase criativa, que, para ele, talvez produza a melhor dramaturgia contemporânea. Mas alerta, que há um "perigo" em fazer uma leitura errada deste fenômeno.

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"Não podemos é desenvolver (com lei ou sem lei) simulacros da televisão norte-americana no Brasil. Não adianta correr atrás de uma forma que a gente não domina. Temos que inventar a nossa forma de fazer."