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Dizem que, em Hollywood, qualquer semelhança não é mera coincidência. Se dois filmes sobre um tema específico são produzidos em um mesmo período, existe forte possibilidade de que um dos projetos tenha sido pelo menos impulsionado pela existência do outro, na tentativa de partilhar ou mesmo abocanhar seu público-alvo. Coisas da indústria. Neste ano, chegaram aos cinemas dois longas-metragens que tinham como mote a magia, assunto que, vamos e convenhamos, não é dos mais corriqueiros, o que reforça essa teoria conspiratória.

O primeiro título a entrar em cartaz no Brasil foi o interessante O Grande Truque, do diretor britânico Christopher Nolan (de Batman Begins) e estrelado por Hugh Jackman e Christian Bale. Agora, é a vez de O Ilusionista, do norte-americano Neil Burger, testar seu poder de sedução junto à platéia curitibana.

Embora mais linear e até certo ponto mais convencional, O Ilusionista é dramaticamente superior a O Grande Truque, que talvez peque por um excesso de reviravoltas que o torna pouco verossímil, sobretudo em seu desfecho. O enredo do longa de Burger, bem menos rocambolesco, tem como tema central uma história de amor pueril entre Eisenheim, garoto pobre que já manifesta talento para a magia, e uma menina da aristocracia. Separados por não pertencerem à mesma classe social, os dois se reencontram anos mais tarde, em circunstâncias muito particulares.

Eisenheim (Edward Norton), agora um promissor profissional do ilusionismo, retorna a Viena para se apresentar em um grande teatro da capital austríaca. O sucesso é tão grande que o príncipe Leopold (Rufus Sewell, de Tristão e Isolda), herdeiro do império austro-húngaro, resolve prestigiá-lo. Por uma ironia do destino, quem acompanha o monarca ao espetáculo é sua pretendente, a duquesa Sophia (Jessica Biel), ninguém menos do que o amor de infância de Eisenheim. Esse reencontro inesperado desencadeia toda uma trama que, além de muitos truques de ilusionismo, envolve intriga, morte e dissimulação.

Embalado pela impactante trilha sonora assinada pelo compositor minimalista Philip Glass (de As Horas), que potencializa a dramaticidade da história, O Ilusionista se sustenta em vários pilares. A começar pelo sólido roteiro, também assinado pelo novato Neil Burger. Outro destaque é o elenco, capitaneado pelo sempre notável Edward Norton, mas que também conta com o talento de Paul Giamatti (de Sideways – Entre Umas e Outras), muito bem como um inspetor de polícia à serviço da coroa, que aos poucos se envolve até os dentes com as peripécias de Eisenheim. Vale também citar os ótimos trabalhos de direção de fotografia, figurino e direção de arte.

Sucesso nos cinemas norte-americanos, onde foi uma das surpresas neste ano, O Ilusionista tem chances de ser lembrado nas premiações de final de ano. Já está entre os indicados na categoria de melhor roteiro aos Independent Spirit Awards (espécie de Oscar da produção realizada fora dos grandes estúdios) e foi citado nesta semana pelo National Board of Review como um dos melhores títulos independentes de 2006. GGGG

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