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Vídeo:| Foto: Reprodução RPC TV

A Grã Bretanha já legou à música pop algumas jóias de brilho tão intenso que continuam cativando fãs e gerando fortunas em direitos autorais até hoje. Beatles, Rolling Stones, The Who, Pink Floyd, Led Zeppelin e David Bowie são exemplos mais óbvios, já que se tornaram ícones inabaláveis – e extremamente influentes – num universo em que o descartável dá o tom. Bandas e artistas mais recentes, como as oitentistas The Smiths (e seu vocalista Morrissey), New Order e Pet Shop Boys e dos anos 90, como Radiohead, Oasis, Blur e Robbie Williams (queiram ou não os roqueiros mais puristas), de alguma forma também integram esse comboio sonoro inglês que tomou o mundo de assalto e até hoje tem um apelo transgeracional, renovando seu público.

Usina musical que é, a por vezes conservadora nação de Elizabeth II também reserva suas surpresas. A mais recente delas é a novíssima geração de vozes femininas do pop local que atravessaram fronteiras e estão fazendo sucesso até mesmo no por vezes xenófobo mercado norte-americano – onde artistas como Oasis ou Robbie Williams, apesar de grandes nomes internacionais, são quase ignorados.

Seguindo os passos da cantora pop Dido, que alcançou os primeiros lugares da parada dos Estados Unidos com "Thank You" em 2000, graças a uma inusitada parceria com o rapper Eminem, outras garotas inglesas estao fazendo e acontecendo. E tambem por aqui.

Tomemos como exemplo Corinne Bailey Rae, que com seu auto-intitulado primeiro álbum estourou primeiro em casa para depois atravessar o Atlântico e fazer barulho na América.

Corinne faz um R&B competente e intimista, mercado por melodias suaves, porém embaladas, sempre a serviço de seu timbre suave e delicado. A cantora, nascida em Leeds há 28 anos, depois do sucesso meteórico nas paradas britânicas, teve uma recepção espetacular nos EUA: graças ao irresistível single "Put Your Records On", também um hit nas rádios brasileiras, ela foi indicada a vários Grammy – e em categorias importantes, como artista revelação, música e gravação do ano.

Bad girlTambém na seara do R&B, mas com um estilo bem mais agressivo do que Corinne, outra que vem conquistando rapidamento um séquito de admiradores fiéis é Amy Winehouse. Seu segundo CD, Back to Black, que acaba de sair no Brasil e entrou em sétimo lugar (chegou ao topo na Inglaterra) da parada da Billboard nesta semana, é muito bom, acreditem.

Aos 23 anos, Amy é natural do norte de Londres e cultiva a imagem de bad girl. Sua voz guarda traços de Billie Holliday e Dinah Washington, principalmente por conta da tonalidade e do fraseado jazzístico. Neste novo disco, mais agressivo e coeso que seu primeiro CD, o já impactante Frank, ela se mostra disposta a conquistar o mundo.

Já em alta rodação nas rádios americanas e com chances de emplacar por aqui, o primeiro single de CD, "You Know I’m no Good", é um achado, por conta de sua levada groovy, conduzida por improváveis metais que se remetem ao bom e velho soul de Memphis. Outro destaque do álbum é "Rehab", que lembra mas não emula o som da Motown, referência de nove entre dez artistas do gênero.

Musa do debochePouquíssimo preocupada em parecer uma garota-família, a ótima e, acima de tudo, divertidíssima Lilly Allen é outra inglesinha espevitada que anda virando o mundo pop do avesso.

Com Amy Winehouse, tem em comum o produtor Mark Ranson, DJ e fã incondicional do R&B das antigas, responsável por várias das faixas dos discos de ambas.

O grande diferencial de Lily e seu ótimo CD Alright Still é justamente o humor contagiante e por vezes ácido de suas canções, que debocham de irmãos vagabundos e maconheiros, namorados infiéis e com pênis pequenos, de amigas traíras sempre dispostas a dar o bote e outras bobagens adolescentes. Digamos que Lily seja uma cronista de sua geração, capaz de falar de assuntos prosaicos, corriqueiros, mas de forma original e perspicaz.

Com "Smile", espécie de canção de amor em forma de reggae-pop, Lilly chegou ao topo de parada inglesa e, em decorrência de seu temperamento efervescente e provocativo, tornou-se uma celebridade instantânea, prato cheio para os famintos tablóides de sua terra.

DivaNo grupo de garotas superpoderosas do pop britânico, aquela que tem maior vocação para diva é, talvez, Joss Stone.

Revelada há cinco pelo reality show Star for a Night, meio aos moldes do American Idol, ela tinha apenas 16 anos quando lançou o primeiro CD, que a transformou em estrela instantânea. Haja pressão para uma adolescente.

Linda, alta e com a aparência de top model, Joss se ressentiu um pouco do excesso de exposição e, principalmente, da falta de controle sobre sua carreira, apesar de ter vendido nada menos do que 9 milhões de cópias ao redor do mundo com apenas dois álbuns.

A vontade de mudar foi tanta que seu novo disco, Introducing Joss Stone, como o próprio título diz, tem a missão de representá-la ao público, dessa vez em uma versão mais dona de si e madura, apesar ter meros (pasmem!) 19 anos.

Com os cabelos tingidos de cor-de-rosa, roupas e maquiagem que pretendem vender uma imagem mais sexy e adulta, vamp mesmo, Joss agora está trabalhando com o produtor Raphael Saadiq, um dos expoentes do chamado neosoul, de grupos como The Roots e Common. Abandonando a tentativa de soar como uma saltitante cantora teen do pop americano, algo evidente em algumas faixas seu segundo disco, Joss retoma a vocação de cantora de soul, flertando com sonoridades da Motown e sem a urgência de se firmar como a alternativa loira para Beyoncé. Melhor para ela.

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