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Uma cena, logo ao começo, é bem representativa no trajeto estético de "Isolados": duas pessoas chegam de carro numa casa fincada no meio da floresta. Ao fundo, uma trilha a nos dizer que alguma coisa não muito boa irá acontecer. A fotografia, belíssima, também compõe o imaginário do perigo. Então, o carro para e um cachorro se lança abruptamente no vidro do carro, dando um baita susto nos espectadores. Cena clássica.

O filme de Tomas Portela é isso: uma soma de momentos soltos em busca de gerar medo com imagem e som. Não é pouco, mas também não é suficiente. O mote é ainda mais batido: um casal resolve viajar para bem longe e descansar do fluxo da vida cotidiana. Mas parece que um serial killer está à solta na floresta. Mesmo sendo avisado dos perigos iminentes em uma parada em um bar de meio de estrada, Lauro, interpretado por Bruno Gagliasso em uma atuação digna da paisagem bucólica, segue ao trágico epicentro que, hora dessas, já sabemos não ser uma escolha inteligente. Para piorar as coisas, a mulher de Lauro, Renata (Regiane Alves), é uma moça um tanto transtornada.

De fato, a tentativa de fazer um filme de suspense em terras brasileiras é interessante. São poucos os diretores nacionais que se jogam de peito aberto no gênero. Entretanto, "Isolados" tem jeitão de trabalho de conclusão de curso. Da trilha sonora retumbante a um roteiro cheio de cacos, tudo soa forçado e exagerado. Pretensioso talvez seja a palavra mais adequada. Ao construir sua atmosfera obscura, o que funciona por um certo ângulo, já que o filme angustia em largas proporções, uma questão maior acaba se agigantando e dizendo muito sobre nossos dias atuais.

"Isolados" é intenso e acelerado por quase duas horas. Seu fluxo de sensações até atordoa, ainda mais por não haver um pingo de humor. Acabado o filme, equilibrada a pulsação, a história vai aos poucos sumindo de nossa memória, para que, afinal, sigamos em frente e voltemos a fazer o que sempre fazemos de nossas vidas. Um filme e um perfeito retrato do que é a maioria das nossas experiências contemporâneas: rápidas e vazias.

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