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O ator português Diogo Morgado vive o papel de um Jesus Cristo humanizado em O Filho de Deus | Divulgação
O ator português Diogo Morgado vive o papel de um Jesus Cristo humanizado em O Filho de Deus| Foto: Divulgação

Cinema

Confira informações deste e de outros filmes no Guia JL.

O filme O Filho de Deus, que chega hoje aos cinemas brasileiros, é um desdobramento da minissérie A Bíblia, produção do canal pago History Channel, e exibida em outubro do ano passado em tevê aberta no Brasil pela Rede Record. Não se trata, portanto, de uma produção exatamente inédita, feita especialmente para lançamento nos cinemas, mas de uma reedição, em formato de longa-metragem, a partir dos episódios que abordam o Novo Testamento, com algumas cenas adicionais (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Cirurgicamente, foi tirada de cena a figura de Satanás, vivido pelo ator Mohamen Mehdi Ouazanni, limado por sua incômoda semelhança com o presidente Barack Obama, identificada quando a série foi ao ar nos Estados Unidos, em março de 2013.

Com 138 minutos de duração, o filme, que fez perto de US$ 60 milhões de bilheteria nos EUA – soma notável levando-se em conta sua origem televisiva – conta a história de Jesus, vivido pelo ator português Diogo Morgado, do nascimento à ressurreição.

A produção não tem o objetivo de propor ao espectador uma visão menos tradicional ou subversiva de Jesus, como as vistas em filmes como O Evangelho Segundo São Mateus (1964), de Pier Paolo Pasolini, cujo discurso é claramente influenciado pelas causas sociais e políticas efervescentes à época de seu lançamento, ou A Última Tentação de Cristo (1988), de Martin Scorsese, que o apresenta como um homem bastante atormentado com sua porção divina.

Ainda assim, O Filho de Deus traz à tela um Cristo humanizado, que sofre dúvidas, ainda que não muito exploradas, mas cumpre à risca o seu destino, conforme os evangelhos.

Humanização

A escolha de um galã como Morgado é claramente intencional: a câmera explora os atributos físicos do jovem ator, que já foi modelo, mas isso não chega a comprometer o filme. Até porque o português, hoje com exatos 33 anos, a idade de Cristo quando foi crucificado, dá muito bem conta do papel. Não lhe falta carisma para tal.

A proposta de humanização dos personagens também se estende aos apóstolos, retratados como pessoas comuns, gente do povo que não parecia ter qualquer noção de que viria a ser corresponsável pela difusão das palavras de seu mestre, após a crucificação e ressurreição.

Ainda que de maneira tímida, o filme, assim como a própria série, que alcançou grande sucesso de audiência nos EUA, mostra o sofrimento do povo judeu com a ocupação do Império Romano. Nesse contexto, por vezes, a figura de Jesus é confundida com a de um líder que seria capaz de liderar uma revolta contra os dominadores, mas a produção deixa bastante claro que sua missão não era bem essa, passando ao largo de discussões de cunho mais político, portanto.

Produzido por Mark Bur­­­nett, dos reality shows Survivor e The Voice, e sua esposa, a atriz Roma Downey (da série O Toque de um Anjo), que vive o papel da Virgem Maria, tanto O Filho de Deus quanto A Bíblia são projetos muito pessoais. O casal é católico praticante e sonhava levar o Antigo e o Novo Testamento para a televisão.

Há na produção um certo didatismo, que deve ter a ver com o fato de a produção ter sido realizada para o History Channel. Esse traço torna a narrativa de O Filho de Deus por vezes mais lenta. Ainda assim, deve agradar a quem busca um programa que combine com o clima festivo da Páscoa. GG1/2

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