Apresentação da banda The Cure em Tóquio, no Japão, em 2012.| Foto: Christopher Johnson/Creative Commons

A história da banda inglesa The Cure tem duas partes claramente divididas e começa assim: um garoto desajustado e inteligente vive num tedioso subúrbio inglês na década de 1970.

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As perspectivas são poucas, até que ele descobre os Beatles por influência da irmã, vê David Bowie na televisão da sala e com o irmão mais velho assiste à última apresentação de Jimi Hendrix na Inglaterra.

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É quando entra na trama uma parte da melhor literatura feita até então (Albert Camus, Jean-Paul Sartre, George Orwell e outros). Desse barro surgiu Robert Smith, o compositor que melhor soube se comunicar com os corações à deriva de milhões de outros jovens tão desajustados como ele no mundo todo nos 40 anos seguintes.

Nunca É o Bastante –
A História do The Cure

Jeff Apter. Tradução de Ligia
Fonseca. Edições Ideal, 336 pp.,
R$ 34,90

Mas esse é só o primeiro ato da narrativa central de Nunca É o Bastante: a história do The Cure, livro do jornalista australiano Jeff Apter que chega ao Brasil com o selo das Edições Ideal.

A versão original da biografia foi escrita pela primeira vez em 2005 (a edição brasileira foi feita a partir de uma atualização do livro ocorrida quatro anos depois) e é obrigatória para os fãs da banda.

Ao longo de pouco mais de 300 páginas, o autor investiga os truques e mistérios de Smith, o criador e a única presença permanente em todas as formações de uma das mais famosas bandas de rock em atividade.

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Confira seis fatos sobre o The Cure descritos na biografia Nunca É o Bastante – A História do The Cure

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“Ele é um cara muito inteligente, esclarecido, e criou uma persona que pode ou não ser como o Robert Smith na vida real”, analisa Apter. “Minha opinião é: não julgue o homem só pela música ou pela imagem que ele projeta, apenas desfrute o personagem que ele criou.”

O início da trajetória do Cure foi inspirado pelo pós-punk Siouxsie & The Banshees (banda da qual Smith fez parte) e pelos Buzzcocks – sem contar os montes de drogas e bebedeiras.

O grupo fez uma trilogia de álbuns clássicos e malditos do que viria a ser conhecido para o bem e para o mal como “rock gótico”: Seventeen Seconds (1980), Faith (1981) e Pornography (1982).

O grande mérito do biógrafo é recriar em detalhes os bastidores das gravações de cada álbum em capítulos diferentes, o que permite aos fãs a prazerosa experiência de acompanhar a narrativa escutando os discos com atenção.

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Neste exato ponto em que a banda tinha se transformado no sinônimo das trevas, melancolia e desespero cultuado por um povo de pele branca e roupa preta, há a reviravolta: Smith, um inspirado compositor pop e mesmo gordinho, de cabelo desgrenhado e batom borrado, se torna uma improvável estrela do showbiz mundial.