Nas Livrarias Curitiba, obras estão em lugar de destaque e vendem como água.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

O que parecia brincadeira virou negócio sério. E milionário. As vendas dos livros de colorir para adultos – que estão sendo consumidos desenfreadamente desde que chegaram ao Brasil– deram um salto gigantesco e devem gerar um faturamento R$ 30 milhões para o mercado editorial neste ano, segundo previsão da distribuidora brasileira Dinap.

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E os números não param por aí. Ranking semanal divulgado pelo site Publishnews, especializado em mercado editorial, mostra que um único volume, o Jardim Secreto, da ilustradora Johanna Basford, se mantém como o livro mais vendido desde a primeira semana de abril – exceto por um único período, no qual perdeu para A Floresta Encantada, outro título da mesma ilustradora.

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Público é suscetível a modismos

Ao mesmo tempo em que os livros de colorir para adultos caíram no gosto do grande público, eles também viraram alvo de críticas

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Analisando apenas os livros deste tipo que entraram na lista dos vinte livros mais vendidos desde janeiro até a penúltima semana de maio (na categoria geral, que inclui ficção e não ficção), calcula-se que foram comprados quase 900 mil títulos destes livros no período.

Se a proposta do livro, que tem intenções “terapêuticas” e “antiestresse”, está ou não funcionando, ainda não se tem notícia. Mas o fato é que a projeção de ganho e as próprias vendas desestressaram mesmo foram os lojistas do setor, que, desiludidos com o fraco desempenho das livrarias, viram nesta novidade a chance de sair do vermelho.

Salto gigantesco no comércio de obras “antiestresse” irão gerar um faturamento de cerca de R$ 30 milhões para o mercado editorial. Livrarias comemoram e especialistas alertam: é modismo. 

De acordo com dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), no primeiro trimestre de 2015, quando os livros de colorir ainda não tinham fama muito grande, a venda de títulos nas livrarias nacionais cresceu 1,6% em faturamento e 3% em volume em relação ao mesmo período de 2014.

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Ainda que sejam positivos, estes números ficaram abaixo da inflação e, por isso, levaram a uma queda real em faturamento de aproximadamente 5%.

“Alívio”

Diretor comercial do Grupo Livrarias Curitiba, Marcos Pedri afirma que o fenômeno foi um “alívio” para a empresa e que a comercialização dos livros impactou positivamente também a venda de outros produtos, como apontadores, lápis de cor, giz de cera e tinta. Até mesmo outros títulos de livros acabaram tendo mais saída pelo simples fato de os consumidores dos livros de colorir conhecerem os produtos disponíveis nas lojas.

4 anos

É o tempo que um livro considerado bom demora para vender 70 mil exemplares nas lojas do Grupo Livrarias Curitiba. O livro de colorir Floresta Encantada vendeu 74 mil unidades em seis meses. Campeão, O Jardim Secreto vendeu, no mesmo período, 230.364 exemplares

“A gente tinha uma preocupação muito grande desde janeiro. A nossa meta para o ano era atingir R$ 5,6 milhões em vendas. Achávamos que não iríamos conseguir. E se não fossem os livros de colorir, possivelmente não conseguiríamos mesmo. Só eles devem dar um crescimento de 3% a 5% nas vendas sobre o ano passado”, declarou Petri.

Empolgado com o fenômeno, o diretor afirma que o grupo nunca tinha visto buscas tão intensas por um único tipo de produto. Segundo ele, nem mesmo sucessos de best-seller como Harry Potter, Cinquena Tons de Cinza e os livros de Dan Brown chegaram a vender tanto em tão pouco tempo.

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“São livros mais abertos, que não têm um público tão específico. Agradam desde crianças até os velhinhos”, justifica.