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John Fante: Pergunte ao Pó vendeu apenas 3 mil exemplares quando foi lançado em 1939. Escritor trabalhou como roteirista | Reprodução
John Fante: Pergunte ao Pó vendeu apenas 3 mil exemplares quando foi lançado em 1939. Escritor trabalhou como roteirista| Foto: Reprodução

"John Fante não era um cara legal." A afirmação vem de um de seus filhos, Dan, 68 anos, com quem o autor de Pergunte ao Pó (1939) e Espere a Primavera, Bandini (1938) só foi se dar bem 30 anos depois de nascido o garoto.

"Meu pai teve muito azar, mas ele também construiu sua própria má sorte. Era um homem muito difícil, insultava pessoas. Não era nada político", diz Dan, numa conversa no restaurante Musso & Frank, o mais antigo de Hollywood, frequentado pelo pai e pela nata literária desde os anos 1930.

As memórias tumultuadas da relação pai e filho estão no livro Fante – A Family’s Legacy of Writing, Drinking and Surviving (Legado de Escrita, Bebida e Sobrevivência de uma Família, em tradução livre; Harper Perennial, US$ 15, cerca de R$ 30, na amazon.com).

A obra mistura a jornada de John Fante (1909-1983), dividido entre os gordos cheques dos estúdios de cinema e o foco na carreira literária, e a de Dan Fante, não menos interessante, encarando vários trabalhos estranhos em Nova York e Los Angeles.

Ambas as trajetórias são encharcadas de álcool, mas sem o glamour das peripécias de Arturo Bandini, alter ego de John Fante.

"Havia muita informação errada sobre meu pai. Diziam que foi Charles Bu­­kowski (1920-1994) quem o redescobriu, mas não é verdade. Quem insistiu foi Ben Pleasants, e Bukowski demorou para ajudá-lo", diz Dan, sobre o então editor de poesia do jornal Los Angeles Times, que recuperou as obras de Fante nos anos 1970.

Pergunte ao Pó vendeu apenas 3 mil exemplares quando lançado originalmente, porque o editor não tinha dinheiro para divulgá-lo. Ele travava uma batalha jurídica por publicar Mein Kampf, de Adolf Hitler, sem permissão do autor. Em 1980, veio a reedição com prefácio de Bukowski.

Tour literário

Quase nada resta atualmente em Los Angeles do distrito de Bunker Hill, onde John Fante morou quando solteiro e que usou como cenário para várias tramas de Bandini, como em seu último romance, Sonhos de Bunker Hill, ditado para a mulher quando já estava cego em decorrência da diabete.

A empresa Esotouric, que promove passeios literários na cidade, faz um "tour Fante" uma vez ao ano. O mercado onde Bandini comprava laranjas ainda existe, assim como o trenzinho Angels Flight.

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