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"O politicamente correto acabou com a boa crítica musical." Não é bem assim, mas é quase isso. Dos tempos em que se era possível perguntar tudo sem ter a intermediação de assessores e aspones no cangote dos artistas vem a compilação O Som do Pasquim. Suas páginas nos brindam com entrevistas históricas de personagens que passaram pela publicação entre os anos 60 e 70.

Mas engana-se quem imagina que os artistas da época não se resguardavam de alguma maneira. Agnaldo Timóteo, em entrevista datada de 1972, levou um dicionário para a mesa redonda.

"É para procurar essas palavras difíceis que vocês falam e a gente não sabe o significado", contra-atacou o cantor para nomes como Millôr Fernandes, Ziraldo e Jaguar.

Já o falecido Waldick Soriano (1933-2008), em sua entrevista concedida no mesmo ano, fuma, bebe e traz consigo seu advogado. Hilário. Quem compilou a edição foi o jornalista e crítico musical Tárik de Souza, que trabalhou no Pasquim. Na época, em 1976, o jovem Tárik viu nas entrevistas armadas pelo povo da redação do Pasquim uma oportunidade para lançar um livro que mostrasse um panorama da música nacional. "Não existiam livros sobre música na década de 70", falou Tárik pelo telefone. Vale lembrar que o jornal chegou a vender 250 mil exemplares por semana nas bancas na década de 70.

Os climas das entrevistas são escancarados em cada parágrafo de bate-papo. Há ainda "profetas" como Moreira da Silva, que antecipou uma música em que sonha com a ressurreição da Lapa, que naquela época era ultradecadente. Para ler bebendo e beliscando.

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