
Um escritor jurado de morte pela máfia italiana, Roberto Saviano, romancistas internacionais de peso como o queniano NgÅ©gÄ© wa Thiong’o, e uma homenagem ao principal agitador da literatura nacional, Mário de Andrade, são algumas das atrações da 13.ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa na próxima quinta-feira (1.º) e vai até o próximo domingo (5). A Gazeta do Povo irá acompanhar o evento.
A programação principal da Flip 2015 conta com 39 autores, 16 deles internacionais (veja destaques ao lado). A presença de nomes importantes, mas não tão badalados da literatura, como o cubano Leonardo Padura, o irlandês Colm Tóibín e o brasileiro Reinaldo Moraes, além de programação temática ampla que inclui arquitetura, erotismo, política cultural, música e poesia, confirmam a tendência iniciada no ano passado, quando o editor Paulo Werneck assumiu a curadoria do evento.
Como em 2014, esta edição da Flip está mais modesta, tanto na estrutura e nos custos, quanto no número de atrações “de peso” em relação à algumas edições da primeira década do evento iniciado em 2003.
Na apresentação oficial, mês passado, o diretor-presidente da Associação Casa Azul, que organiza a Flip, afirmou que o orçamento total previsto desta vez era de R$ 7,4 milhões – cerca de R$ 600 mil a menos do que o ano anterior.
Um indicativo claro do comedimento na festa literária é que o espetáculo de abertura ficará a cargo dos artistas paratienses Luís Perequê, Dani Lasalvia e o grupo Os Caiçaras.
Mais do que a ideia de “celebrar a arte popular local”, como justificou a organização, representa uma economia significativa para o evento que se acostumou a promover shows gratuitos de abertura com medalhões da MPB, como Paulinho da Viola, Maria Bethânia, Gal Costa, Edu Lobo e Elza Soares.
Nada, porém, que interfira significativamente na finalidade principal da Flip, em um momento em que outros eventos da área minguam ou correm riscos de extinção, como aconteceu com a Jornada Literária de Passo Fundo (RS), cancelada neste ano.
Se por um lado há contenção de gastos, por outro a Flip 2015 fortalece a abordagem de temas ecléticos que caminham em paralelo à literatura e programa mesas que discutem ciência, matemática e psicologia. O teatro está representado pela figura controversa do dramaturgo inglês David Hare. Os quadrinhos pelo cartunista Riad Sattouf, que colaborou durante oito anos com o semanário francês “Charlie Hebdo”.
Homenagem
O homenageado desta edição é o escritor Mário de Andrade, ponta de lança do modernismo brasileiro, autor que afirmou a importância do diálogo dela com o mundo, de acordo com o curador Paulo Werneck. “Somos todos filhos de Mário”, disse, destacando a programação “dedicada, variada e seletiva” que se dará na orbita da obra e figura de Andrade. Algo que deve ficar claro já na mesa de abertura composta pela ensaísta argentina Beatriz Sarlo, a escritora Eliane Robert Moraes e o primeiro biógrafo oficial de Mário, o carioca Eduardo Jardim. Ou ainda na presença de fortes nomes na área de música e crítica musical – tema de estudo do homenageado como o crítico José Ramos Tinhorão, o compositor Hermínio Bello de Carvalho e o pesquisador José Miguel Wisnik.



