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A maior parte das críticas negativas endereçadas a Os Produtores acusa a diretora estreante Susan Stroman de fazer "teatro filmado". É bem verdade que o longa adapta um sucesso dos palcos escrito e dirigido Mel Brooks e que a recém-tornada cineasta vem de uma carreira de encenadora e cenógrafa de teatro. Mas, a aparente desarticulação na passagem da peça para a linguagem do cinema é resultado de uma proposta que não quer inovar o gênero musical, mas homenageá-lo. Aí reside boa parte do encanto de Os Produtores. Outra é o elenco, nas interpretações de Matthew Broderick, Nathan Lane e uma dança quente de Uma Thurman. O título chega às locadoras do país nesta semana.

A distribuidora Warner também colocou no mercado o DVD do predecessor, Primavera para Hitler, de 1968, um filme pequeno e precário mas muito lembrado pela coragem e deboche com que retrata o nazismo, um trauma ainda fresco.

A refilmagem não contou com tantos empecilhos financeiros e, principalmente, morais ao colocar nas salas de cinema homens vestidos de mulheres encarnando Adolf Hitler. A polêmica foi-se junto com o tempo, mas o que entrou no lugar é o gênero musical. O próprio Mel Brooks remontou a peça de Primavera Para Hitler em 2001 incorporando cenas musicais, agora também presentes em Os Produtores. Nelas, Susan Storman buscou referências ao antigo musical do cinema americano, das décadas de 40 e 50. Ao contrário dos movimentos de câmera tortuosos de Moulin Rouge, em Os Produtores planos distantes mostram, em um efeito proposital, atores de corpo inteiro dançando e interagindo com os espaços.

A trama continuou essencialmente a mesma. O produtor decadente Max Bialystock (Lane) e um contador frustrado Leo Bloom (Matthew Broderick) se unem para realizar o maior fiasco da história do teatro e embolsar o dinheiro captado na produção. Entre muitos roteiros bons (a piada com Kafka é famosa) a dupla encontra uma pérola escrita por um nazista recalcado. O papel do fanático coube a Will Farrel acompanhado de uma pomba-títere particularmente engraçada. A secretária sueca Ulla ganhou uma bela contrapartida no elenco com Uma Thurman.

Se a refilmagem tem defeitos, eles residem na estrutura narrativa que, assim como no original, nunca parece ter sido pensada co-mo um todo, mas um aglomerado de esquetes e situações, com resultados variados. GGG1/2

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