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Ary Graça vai comandar a Federação Internacional de Vôlei | FIVB
Ary Graça vai comandar a Federação Internacional de Vôlei| Foto: FIVB

Trilogia

Cinquenta Tons Mais Escuros

E. L. James. Tradução de Juliana Romeiro. Editora Intrínseca, 512 págs., R$ 39,90 e R$ 24,90 (e-book).

Apenas pelo título, Cin­quenta Tons Mais Escuros dá a impressão de ser ainda mais picante que o primeiro livro da trilogia de E. L. James. Não é o caso. As cenas de sexo são contínuas, quentes e ganham cenários variados (no elevador, no restaurante, no barco, na cozinha), mas o conjunto da obra é uma versão mais romântica do relacionamento entre os personagens Anastasia Steele e Christian Grey.

Com 50 mil exemplares já comercializados em pré-venda, segundo informações da editora Intrínseca, o novo livro faz uma inversão de papéis: ao invés de Grey ensinar Ana tudo sobre sexo – como acontece no estreante da trilogia –, dessa vez, é a jovem que mostra ao empresário bem-sucedido como ter um relacionamento mais "normal".

A narrativa tem início quando Ana tenta aceitar um dos fetiches de Grey, mas percebe que não compartilha do gosto pelo sexo com dor, e deixa o empresário. Os poucos dias em que o casal fica distante e o sofrimento intenso dos dois diante da separação é o que define o rumo da história.

O sexo pelo puro prazer, sem delicadezas ou sentimentalismos que aparece no primeiro livro é definitivamente mais excitante que o "sexo baunilha" (entendido por Grey como o ato de "fazer amor" sem implicações sádicas), que aparece com mais frequência em Cinquenta Tons Mais Escuros. Ou seja, os novos rumos da narrativa não devem agradar a quem achou que as imposições de Grey e seu gosto pelo BDSM (universo que engloba sadomasoquismo, dominação, submissão, disciplina e o uso de cordas para amarrar o parceiro durante a relação sexual) era o melhor da obra.

Revelações

Mas se há quem possa achar careta e até brochante o fato de Grey se dizer apaixonado e ceder ao sexo mais tradicional, a história, por outro lado, ganha um pouco mais de fôlego com um aprofundamento maior dos personagens e da narrativa em si.

No desenrolar, o mais interessante são as revelações de Christian sobre a infância difícil com uma mãe prostituta e drogada e um padrasto violento. O que acaba por explicar muito dos transtornos do jovem que, por exemplo, não gosta de ser tocado e tem uma relação meio esquisita com a comida.

Além do passado de Grey, há mais suspense na história e até cenas tensas com personagens secundários, como a temida Mrs. Robinson (mentora de Grey), Jack Hyde (chefe de Ana), Leila (ex-submissa do protagonista) e Dr. Lynn (psicólogo de Grey), que movimentam mais a trama e devem dar boas contribuições para o último livro da série.

O texto continua facilitado, sem desafios e bastante repetitivo, mas para quem se aventura nos Cinquenta Tons pouco importa se a narrativa está ou não bem construída. É diversão sem compromisso, como um programa de televisão no sábado à tarde. Além do mais, o "mummy porn" (pornô para mamães) – que acabou virando verbete no famoso dicionário on-line Collins – ganhou um público cativo e sedento por outros livros do gênero. Gente querendo ler cada vez mais é sempre bom, não?

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