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Marcelo Serrado e Fernanda de Freitas estão na comédia romântica nacional Malu de Bicicleta | Divilgação
Marcelo Serrado e Fernanda de Freitas estão na comédia romântica nacional Malu de Bicicleta| Foto: Divilgação

Malu anda de bicicleta pela orla do Rio de Janeiro e atropela o empresário paulista Luiz Mario. Ou seria o contrário? Luiz Mario atropela Malu e sua bicicleta. Ela cai de amores por ele - ou talvez seja ele quem fica apaixonado por ela. Ela é toda dona de si. Ele, inseguro e paranoico, vê traições onde talvez não haja. É num terreno movediço como esse, o do amor, que transitam os personagens da comédia romântica brasileira Malu de Bicicleta (confira trailer, fotos e horários das sessões).

Baseado no romance homônimo de Marcelo Rubens Paiva ("Feliz Ano Velho"), Malu de Bicicleta fala do amor de uma forma honesta e delicada, seguindo o processo de transformação de um homem quando encontra a mulher da sua vida. Marcelo Serrado é Luiz Mario, empresário paulista cuja vida muda radicalmente com a chegada de Malu (Fernanda de Freitas).

Ela é uma típica carioca, alegre, leve, sempre bronzeada, não gosta de amarras. O namoro dos dois pode ser visto como um diálogo entre São Paulo e Rio, uma busca de compreensão, entendimento e troca daquilo que cada um tem de melhor. Mas Malu de Bicicleta não é apenas isso.

Dirigido por Flávio Ramos Tambellini (de Bufo & Spallanzani), o longa dialoga com Domingos de Oliveira, Woody Allen e François Truffaut, ao abordar o amor de forma delicada e sutil, colocando seus personagens em situações amorosas que nada têm de hollywoodianas, mas, sim, muito próximas do lado de cá da tela.

O roteiro, assinado pelo próprio Paiva, tira tudo que há de acessório no livro e concentra-se no romance de Malu e Luiz Mario. Uma história que podia caminhar bem não fosse a paranoia dele, que começa com uma misteriosa carta de amor e ecoa o protagonista de Dom Casmurro, de Machado de Assis, e sua dúvida cruel de ter sido ou não traído. Esse é um dos indícios da mudança que a namorada produz nele. O protagonista, aos poucos, vai perdendo seu ar de machão inatingível e ganha sensibilidade e delicadeza vindas do romance com Malu.

Fernanda e Serrado foram merecidamente premiados no Festival de Paulínia, em julho passado. Ela é a grande descoberta do filme: uma atriz com timing para a comédia e a sutileza para transitar entre o drama e o romance. Isso muito deve-se à competência de Tambellini (também premiado no Festival), que dispensa enquadramentos estranhos ou movimentos de câmera desnecessários. Ele sabe que o forte de seu filme são os personagens, por isso, deixa que eles falem por si mesmos.

É essa decisão inteligente do diretor, aliada ao talento do elenco, que traz um frescor bem-vindo a Malu de Bicicleta - um filme que pode não reinventar a roda, mas, nem por isso, faz pouco da inteligência alheia, algo raro nos dias de hoje.

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