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Um bolo para Maluf. Após presentear o então deputado, Varela lança: “Dizem que o senhor é corrupto, ladrão...” | Divulgação
Um bolo para Maluf. Após presentear o então deputado, Varela lança: “Dizem que o senhor é corrupto, ladrão...”| Foto: Divulgação

O estilo destemido, cômico e questionador de reportagem do programa CQC, exibido na Band TV às segundas-feiras, tem um embrião lá em 1983. Foi quando nasceu Ernesto Varela, personagem do jornalista, ator e apresentador Marcelo Tas. O repórter ficou famoso por surpreender personalidades polêmicas com perguntas desconcertantes ao lado do câmera opinativo Valdeci, vivido pelo hoje cineasta Fernando Meirelles, seu parceiro de sempre.

"O que nos inspirou foi a nossa imaturidade para fazer televisão. Criamos juntos uma narrativa, um jeito diferente de contar as histórias", conta Tas, que, na pele de Varela, cobriu, sempre com seu jeito irreverente, eventos importantes para o país, como a campanha Diretas Já, entre 1983 e 1984, e a Copa do Mundo de 1986, realizada no México.

O personagem não ganhou nome e sobrenome quaisquer...

"Ernesto foi por causa do Ernesto Paglia, que foi o primeiro repórter sério e importante que nos entrevistou sobre a nossa produtora, a Olhar Eletrônico. Éramos muito underground. E Varela era o sobrenome de um senhor sóbrio", explica Tas, se referindo ao "doutor Varela", um médico amigo do pai de Meirelles.

Expediente

O repórter deu expediente nos anos 1980 e 1990 nas tevês Gazeta, Record, Manchete, MTV e Globo. E Tas se organiza para lançar no ano que vem dois DVDs com os melhores momentos de Varela. Ele foi autorizado a captar R$ 600 mil para o projeto pela Lei Rouanet e está em busca de patrocínio.

"Vou disponibilizar o vídeo gratuitamente num canal na internet e também um catálogo em lojas especializadas, a preços acessíveis. Quero contar A História do Brasil Segundo Ernesto Varela. Esse, aliás, foi o nome de uma peça que eu fiz sobre ele em 2005."

Nas oito horas do material remasterizado por Tas para a compilação, constam episódios memoráveis e impagáveis.

"Uma vez Paulo Maluf deu uma entrevista coletiva no dia do seu aniversário, e eu e o Fernando tivemos a ideia de levar um bolo para puxar um ‘parabéns pra você’ na entrevista. Quando todos os repórteres estavam pensando que éramos malufistas, perguntei o que o deputado achava de ser considerado corrupto, e ele me virou as costas e saiu andando", recapitula Tas, emendando a história com outra lembrança. "Também perguntei ao dirigente de futebol Nabi Abi Chedid, suspeito de corrupção, qual seria a próxima jogada dele. Foi a vez que fiquei mais próximo de levar uma porrada."

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