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Os shows começaram pela Europa e só devem chegar à forma final em setembro, quando atingem São Paulo | Divulgação
Os shows começaram pela Europa e só devem chegar à forma final em setembro, quando atingem São Paulo| Foto: Divulgação

Será um encontro sem precedentes, nesta sexta-feira, quando a paulistana Mariana Aydar surgir no palco do Sesc da Esquina diante do público curitibano para o show Peixes Pássaros Pessoas.

A moça nunca antes esteve na cidade, a não ser que conte uma recente passagem de carro em viagem rumo a Porto Alegre. Sua referência mais forte daqui é o amigo Carlos Careqa, com quem gravou "Lá Vem a Menina". "É uma cidade que tenho curiosidade de conhecer", disse por telefone à reportagem da Gazeta do Povo.

Se a capital paranaense não foi parada da turnê do disco Kavita 1, terá finalmente a oportunidade de ouvir ao vivo os predicados que elevaram Mariana ao primeiro time da nova MPB – como a voz encorpada, de canto elegante e derramado, e a abordagem contemporânea para a tradição sambista. Posição consolidada em abril com o CD Peixes Passaros Pessoas.

A cantora mostrará suas duas faces, equilibrando canções do primeiro trabalho (no qual se destacavam um funkeado "Zé do Caroço" e "Prainha") a faixas do novo álbum, em um repertório pontuado por versões das alheias "Vai Vadiar" (conhecida na voz de Zeca Pagodinho), "Beleza Pura", de Caetano Veloso (que se apresenta neste sábado no Teatro Positivo), e, possivelmente, "Porto", de Romulo Fróes.

Inacabado

A verdade é que o show Peixes Pássaros Pessoas ainda não chegou a seu molde final. Mariana não teve tempo de terminar os ensaios, partiu no começo de maio para uma turnê de 20 e poucos dias pela Europa, agendada com a antecedência de costume naquele continente. Visitou três cidades francesas, entre as quais Paris, sua antiga morada; e se apresentou pela primeira vez em Londres e Lisboa.

"Foi ótimo. Os estrangeiros sabem valorizar nossa música de uma maneira que às vezes a gente não sabe. Você vê a felicidade deles com a música brasileira, o que ela causa no corpo deles", constatou, novamente.

Durante os nove meses em que chamou Paris de casa, antes de sua estreia fonográfica, Aydar não apenas havia se contaminado pela música da África à Ásia, como também da visão estrangeira sobre os tradicionais ritmos brasileiros. "Me permitiu ver meu país de fora e, com isso, instalar mais a cultura brasileira dentro de mim. Foi quando eu quis voltar para fazer o primeiro disco", lembra.

A pressa em embarcar para a França impediu que o show do segundo disco fosse finalizado. E, enquanto algumas das músicas não passam por ensaios suficientes, ficam de fora do repertório. Afinal, muitas foram gravadas apenas por Duani, produtor do disco e compositor de mais da metade dele, e precisam agora se adaptar ao baixo de Márcio Arantes, à guitarra e ao violão de Gustavo Ruiz, ao teclado e à sanfona de Lucas Vargas e à percussão de Fumaça, a banda que a acompanha há três anos.

Mariana não prevê qualquer dificuldade maior nessa transição. "Como esse é um disco muito autoral, estou cantando todas as letras com muita propriedade, porque estive muito próxima de todas desde o começo. Todo show tem um tempo para pegar a forma, mas tocamos juntos faz tempo, então a coisa foi mais fluida dessa vez."

Apenas "Peixes" e "Palavras Não Falam" já tiveram sua estreia sobre um palco brasileiro. Foram testadas em Brasília, ao fim da turnê anterior. Outras terão sua primeira aparição em Curitiba, num show ainda sem cenário ou figurino. "Sou só eu, meu corpinho, os músicos e o coração, que é o mais importante."

Essa conversa sobre o que realmente importa se estende a suas ambições como cantora. "Estão cada vez menores, porque atrapalham um pouco. Antes de ser cantora, a gente tem que saber viver a vida. Estou querendo mais tempo para mim, meus cachorros, minha casa."

A má-vontade contra a rotina estressante está sintetizada em "Peixes", belíssimo tema sobre a angústia do "grito abafado", de sentir-se "afogado no destino", com letra rasgante do gaúcho Nenung, da banda The Darma Lovers ("Nós vivemos como peixes/ com a voz que nós calamos/ com a paz que não achamos").

"Não adianta trabalhar como louca e não ter inspiração para cantar", diz Mariana, sentindo-se em uma fase "amante da vida". "Ultimamente, estou olhando as árvores, os bichos, a reação das pessoas. Tento pegar a expressão mais simples da vida para me dar vontade de cantar." Sorte de quem a ouve.

Serviço

Show Peixes Pássaros Pessoas, de Mariana Aydar. Teatro Sesc da Esquina (Rua Visconde do Rio Branco, 969), (41) 3304-2222. Dia 26, às 21 horas. R$ 20 e R$10 (comerciários, estudantes e acima de 60 anos).

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