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O escritor e cartunista Millôr Fernandes foi cremado às 15h desta quinta-feira (29) na capela 2 do Memorial do Carmo, no Cemitério do Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro.

O velório reuniu dezenas de amigos e familiares na manhã desta quinta-feira. Num clima de comoção, os presentes lembraram frases e momentos do mestre da literatura e do humor.

O escritor carioca morreu às 21h desta terça-feira (27), em casa, no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Millôr, com 88 anos, teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.

O primeiro a chegar ao local foi o ator Otávio Augusto. Além dele, o jornalista e escrito Ruy Castro e a atriz Marília Pêra também marcaram presença. "Era um homem livre, não era ligado a religião, não tinha partido político, era muito culto e engraçado. Me apoiou publicamente quando era politicamente incorreto me apoiar", disse a atriz Marília Pera .

O jornalista e escritor Ruy Castro lembrou que Millôr costumava dizer que era um homem atrás de seu tempo. "Ele não estava gostando muito de como a humanidade estava caminhando e preferia ficar atrás, apontando os erros. Todos os grandes frasistas europeus batidos no liquidificador não dão meio copo de Millôr. Não tinha um dia que uma frase do Millôr não servisse para explicar e iluminar uma conversa sobre alguma coisa obscura que estava acontecendo no Brasil e no mundo", afirmou Ruy Castro.

O filho de Millôr, Ivan Fernandes, citou uma lição deixada pelo pai: "Você jamais deve usar o humor para humilhar. O humor pode ser uma arma de ataque muito forte, mas jamais use para humilhar alguém." O velório acontecerá até as 15h no Memorial do Carmo. Em seguida, o corpo será cremado. Millôr Fernandes morreu em casa, em Ipanema, zona sul da capital fluminense, pouco mais de um ano depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).

Hélio Fernandes, 90, irmão de Millôr, afirmou, na saída do velório, que o convívio entre os dois era extraordinário."Posso falar como o amigo mais antigo de Millôr, ele foi um gênio completo. Da mesma forma como Chico Anysio, Millôr reacende a polêmica sobre duas palavras: gênio insubstituível. Os dois foram. O Millôr foi o gênio mais eclético que eu conheci porque não teve nenhum setor que ele não descobrisse e não fosse fantástico. Todos o respeitavam porque ele era muito sincero", afirmou Hélio.

O cineasta Silvio Tendler, que também esteve no velório, afirmou que aprendeu com o Millôr a ser contestador. "Ele foi uma das cabeças mais brilhantes que eu conheci, sempre com humor e inteligência. A relação dele com o cinema foi de muita paixão. Não só foi roteirista, como foi ator também. Era apaixonado por literatura, poesia, era completo. A grande lição que aprendi com ele é a de ser contestador, não se pode ser acomodado."

Hubert, integrante do programa "Casseta & Planeta" da TV Globo, disse que Millôr foi o sujeito que mais e melhor exerceu a liberdade de expressão. "Ele falava sobre tudo, você ficava até meio humilhado. A gente usa só 10% da capacidade do nosso cérebro, ele usava muito mais. Vamos usar as frases dele daqui uns cem anos."

Perda

Millôr tinha dois filhos, Ivan e Paula, e um neto, Gabriel. Ele foi casado com Wanda Rubino Fernandes. De acordo com sua certidão, Millôr nasceu no dia 27 de maio de 1924, embora ele dissesse que a data correta era 16 de agosto do ano anterior.

Desde o ano passado, o escritor apresentava problemas de saúde e chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul.

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