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Edgar Yamagami: um profissional rigoroso, mas de temperamento tranquilo | Divulgação
Edgar Yamagami: um profissional rigoroso, mas de temperamento tranquilo| Foto: Divulgação

O jornalista e poeta Edgar Yamagami morreu anteontem, aos 56 anos, vítima de complicações de um transplante de fígado realizado no fim do ano passado. O apucaranense radicado em Curitiba desde 1973 sofria de hepatite C.

Yamagami trabalhou na redação da RPC TV entre 1979 e 2000, e atualmente era editor na Agência Estadual de Notícias (AEN), órgão oficial de comunicação do governo do estado.

O jornalista é lembrado por antigos colegas como um editor rigoroso e um profissional de temperamento aparentemente tranquilo – "até demais", brinca a editora da RPC TV Maria de Lurdes Welter Pereira, ex-colega de Yamagami. "Era alguém que não demonstrava nervosismo", lembra.

De acordo com amigos, como o jornalista e poeta Nilson Monteiro, são os haicais que Yamagami vinha publicando na internet, sobretudo nos últimos meses, o que melhor o definiam.

"A conversa dele era pequena, como é geralmente a conversa nipônica, e a conversa dos poemas japoneses, feitos com pouquíssimas palavras", diz Monteiro, que ressalta leveza e inteligência nos versos de Yamagami. "São poemas que têm uma delicadeza que, para mim, o caracterizava", diz Monteiro.

A pureza de poemas como os que podem ser lidos ao lado era outra marca da personalidade do jornalista, conforme explica seu irmão mais velho, Hegbert Yamagami. "Digamos que fosse um eterno inocente", diz o irmão – em acordo com a ex-colega dos tempos da TV Paranaense, Maria de Lurdes: "Jornalista sempre tem que duvidar, mas o Edgar era uma pessoa muito pura, que não via maldade em nada."

Yamagami não chegou a se notabilizar como poeta, mas esteve às voltas com as artes desde que saiu da cidade natal, aos 17 anos. Sem poder contar com a ajuda financeira do pai, que era torneiro mecânico, o jovem apucaranense chegou a se manter com pequenos trabalhos no teatro enquanto cursava jornalismo na UFPR (Yamagami cursou Teatro no Guaíra em 1978).

"Éramos em cinco filhos. Ele foi o primeiro a sair de casa. Ele começou uma vida nova aqui, por isso nos distanciamos. Então, a gente sabe por alto do envolvimento dele com estudos de teatro, do desejo dele de trabalhar em jornais para poder escrever", lembra Hegbert Yamagami.

O filme Aleluia, Gretchen (1976), de Sylvio Back, foi um dos projetos importantes em que se envolveu, embora minimizasse sua participação na produção.

Sua casa, conforme conta o editor da AEN Fábio Schäfer, era cheia de quadros. "Era bem colorida. Ele gostava muito de pinturas, e chegou a pintar quadros. Ele sempre foi envolvido no meio artístico", conta o colega.

O elo com a área cultural acompanhou Yamagami em sua carreira nas redações. "Ele entendia e gostava muito. Os textos dele eram referência nesta área", diz a editora da RPC Sandra Salvadori, que trabalhou com o jornalista no fim dos anos 1980, quando havia uma terceira edição de telejornais na emissora, logo antes do Jornal da Globo. "Por causa dele, esse jornal trabalhava muito com cultura."

"O Edgar sempre teve esse lado mais humano, mais intelectual também. Gostava de ler desde jovem. Acho que aprendeu a gostar literatura de jornalismo a partir disso", lembra Hegbert.

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