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O teatro brasileiro sofreu mais uma baixa. Morreu este sábado, em São Paulo, o ator Gianfrancesco Guarnieri aos 71 anos. Assim como Raul Cortez - falecido na última terça-feira vítima de câncer -, Gianfrancesco fez parte da geração que marcou a dramaturgia brasileira como é conhecida hoje.

Guarnieri, nascido em Milão em 1934, estava internado no Hospital Sírio-libanês, em São Paulo, desde o dia 2 de junho. Segundo o boletim médico, o ator morreu em decorrência de complicações causadas pela insuficiência renal. Deixa cinco filhos e sete netos. O velório e o enterro não serão abertos ao público.

Seu último trabalho foi na novela "Belíssima", de Silvio de Abreu. Mas por causa da crise renal não participou da trama até o fim. Guarnieri interpretava o ex-namorado de Katina (Irene Ravache), o professor de teatro Pepe.

Líder estudantil desde a adolescência, Guarnieri começou a fazer teatro amador com Oduvaldo Vianna Filho - o Vianinha. Em 1955, criaram o Teatro Paulista do Estudante, que depois uniu-se ao Teatro de Arena, de José Renato. Dessa fusão resultou o Teatro de Arena que se celebra como o marco da dramaturgia nacional comprometida com os interesses populares.

Foi autor de 23 peças, entre elas com Augusto Boal em "Arena conta Zumbi" e "Arena conta Tiradentes". Sua estréia como dramaturgo foi "Eles não usam black-tie", encenada em 1958 no Arena. A direção foi de José Renato e o elenco contou com grandes talentos que começavam a despontar no teatro brasileiro, como o próprio Guarnieri, Lélia Abramo, Miriam Mehler, Flávio Migliaccio e Milton Gonçalves. O sucesso foi enorme e o Arena ficou famoso.

Em 1981, a peça "Eles não usam black-tie" ganha adaptação para o cinema com o próprio Guarinieri e as atrizes Bete Mendes e Fernanda Montenegro. O filme foi visto por mais de 1,5 milhão de pessoas e teve grande repercurssão num país mergulhado em crise econômica pós-ditadura.

Ao lado de Fernanda, Gianfrancesco também marcou a TV brasileira . Os dois formaram uma das dulpas mais bem-sucedidas da teledramaturgia, em "Cambalacho" (de Silvio de Breu - 1986). Ela era Naná, suposta filha desaparecida de Antero e que vive aplicando golpes. Ele era Jerônimo Machado, o Jejê, comparas das falcatruas hilárias de Naná. Para aliviar a culpa que sentem por serem trapaceiros, levam para casa crianças que recolhem nas ruas de São Paulo.

Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Martinenghi de Guarnieri nasceu em Milão, em 8 de agosto de 1934. Veio para o Brasil aos três anos, com sua família que fugia do regime fascista. Passou a infância no bairro de Cosme Velho, no Rio, onde morou até 1953. Desde então, foi morar em São Paulo, onde passou o restante da vida.

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