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Exposição traz dez videoinstalações para festejar dois séculos de independência | Divulgação
Exposição traz dez videoinstalações para festejar dois séculos de independência| Foto: Divulgação

Uma viagem de Kombi percorrendo quatro mil quilômetros de Lima, capital do Peru, até o sul do Chile, com German Grau, descendente do almirante peruano Miguel María Grau Seminário, em visita por vilarejos costeiros, é um dos enredos das dez videoinstalações presentes na exposição Menos Tempo Que Lugar, que retrata o Bicentenário de Independência da América Hispânica. A mostra, promovida pelo Instituto Paranaense de Arte (Ipar), em conjunto com o Instituto Goethe e a Fundação Cultural, tem a curadoria geral do crítico de arte alemão Alfons Hug e abre hoje no Museu da Gravura de Curitiba. Em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo, o curador afirma que optou apenas pelo uso de instalações de vídeo, pois acredita que a videoarte "vive um bom momento no mundo todo". "A estrutura narrativa do vídeo também se presta para o nosso tema", diz. Para o produtor-executivo e diretor do Ipar, Luiz Ernesto Meyer Pereira, a videoinstalação aproxima o público por utilizar uma linguagem dinâmica. "O audiovisual possibilita uma gama muito grande de informações e mostra uma comunicação maior entre o artista e sua obra".

Para realização dos vídeos, os artistas de dez diferentes países (entre eles o cineasta brasileiro Neville D´Almeida, de A Dama do Lotação), viajaram em 2009 para um local específico (incluindo regiões quase desertas e grandes capitais) e retrataram aspectos particulares de cada uma, gerando um contraponto entre o calmo e o caos, uma das leituras que podem ser feitas por quem visita a mostra. "Os artistas e os intelectuais de nossa exposição exploraram os países em todas as direções. Visitaram pequenas e bucólicas cidades e megalópoles transbordantes, lugares que se agarram ao passado e megacidades modernas onde foram apagados os últimos vestígios de história", salienta Hug.

O retrato da aldeia de Caiapó Ukre, no interior do Pará, foi o tema do cineasta Neville D´Almeida, que acompanhou o cotidiano dos índios Kaiapós durante dez dias. O resultado final é um vídeo intitulado "Verde Moreno", que reúne os costumes, festas e cerimônias da aldeia. Mas Neville explica que o trabalho não é um documentário – o vídeo não tem diálogos. São apenas imagens com trilha sonora dos cantos tribais. "O que mais impressiona é a relação de harmonia que eles têm com a natureza, é um momento muito bonito e significativo". O cineasta conta que teve o cuidado de levar uma equipe mínima (composta por três pessoas) e usar câmeras digitais pequenas, para não transformar o equipamento em um "intruso" na aldeia. "A câmera grande e pesada seria um elemento de dificuldade em relação aos índios, não queria que o equipamento intimidasse ou estragasse a harmonia."

O curador afirma que a exposição também pode ser interpretada do ponto de vista das transformações da América Latina, por conta do crescimento desenfreado das grandes cidades, e contribui para que o Brasil, que esteve distante culturalmente de seus "vizinhos", se aproxime. "Os países eram distantes, culturalmente falando, e isso tem mudado nos últimos anos, e não em último lugar por causa das Bienais de Arte de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre".

Serviço:

Confira o serviço completo da exposição "Menos Tempo Que Lugar"

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