• Carregando...

Existe uma diferença fundamental entre a jornalista britânica Iris Simpkins (Kate Winslet) e a publicitária norte-americana Amanda Woods (Cameron Diaz), protagonistas da comédia romântica "O Amor não Tira Férias", que estréia hoje em todo o Brasil. Enquanto a primeira, autora de uma popular coluna sobre casamento no jornal londrino Daily Telegraph, não tem o menor receio de assumir seus sentimentos e parecer frágil diante dos outros, sua contrapartida é dura na queda. A última vez que Amanda chorou ainda era menina, quando seus pais se separaram.

Os destinos dessas duas mulheres, no entanto, vão acabar se cruzando não por causa desse contraste de personalidades diametralmente opostas, mas por conta de um infortúnio em comum: nenhuma tem sorte no amor. Iris amarga uma paixão frustrada por um colega de trabalho (Rufus Sewell, de O Ilusionista), com quem viveu um breve porém intenso relacionamento no passado. Do outro lado do Atlântico, Amanda acaba de descobrir que seu marido (Edward Burns, de O Resgate do Soldado Ryan) teve um caso extraconjugal com a jovem recepcionista de sua empresa e, para piorar a situação, coloca na esposa toda a culpa por ter pulado a cerca, acusando-a de ser fria e calculista.

Apavoradas pela aproximação do Natal, tempo em que os fracassos pessoais parecem tomar proporções intoleráveis, as duas recorrem a um web site que promove troca de casas – e, de alguma forma, de cotidianos – por algumas semanas. A premissa, apesar de já ter sido explorada antes em outros filmes, tem lá seu encanto, não há como negar. Quem, afinal, nunca sonhou em tirar férias da própria vida, nem que fosse por alguns poucos dias?

O problema básico de O Amor não Tira Férias, inferior ao filme anterior da diretora Nancy Meyers, o ótimo Alguém Tem Que Ceder, é que o roteiro, bastante frouxo, confia demais no argumento e não se ocupa de dar consistência dramática aos desdobramentos da situação central do enredo.

Kate Winslet, sem dúvida uma das melhores atrizes de sua geração, se sai bem melhor na troca de países do que Cameron Diaz. Talvez por conta do talento e da sutileza da estrela inglesa, Iris é uma personagem mais complexa e interessante do que Amanda. Tanto que suas aventuras em Los Angeles conseguem dar ao filme, apenas mediano em seu todo, alguns momentos sublimes, como o encontro com o velho roteirista Arthur Abbott, vivido com maestria pelo veterano Eli Wallach. Já a saltitante diretora de trailers defendida por Cameron nunca empolga de verdade. É uma reedição de outros tantos papéis semelhantes que a estrela de Quem Vai Ficar com Mary? já interpretou nos últimos anos. Vale, no entanto, ressaltar que rola uma química interessante entre Amanda e o misterioso Graham (Jude Law), o irmão bonitão de Iris, por quem o coração de gelo da moça começa a dar sinais de humanidade.

Típico "filme sobre e para mulheres", O Amor não Tira Férias tem seu charme e pode ser uma opção divertida nestes feriados, até porque, como típico produto made in Hollywood que é, reserva ao público um desfecho feliz e otimista, do jeito que o clima natalino exige. GG1/2

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]