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Liana Justus (sentada) e Clarice Miranda no ateliê onde preparam os cursos e palestras do Projeto de Formação de Plateias | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Liana Justus (sentada) e Clarice Miranda no ateliê onde preparam os cursos e palestras do Projeto de Formação de Plateias| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Prateleira

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Terceira edição

Formação de Plateia em Música já está em sua terceira edição, pela Editora Saraiva, e vem acompanhado de um CD ROM produzido com a participação dos músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná e dos cantores da Camerata Antiqua. Eles demonstram todos os instrumentos que compõe uma orquestra e as vozes do canto lírico.

Jabuti

Desvendando a Orquestra – Formando Plateias do Futuro, também acompanhado de CD ROM, foi finalista do prêmio Jabuti 2008. O livro também apresenta os instrumentos de uma orquestra, com demonstrações de crianças e jovens estudantes de música da Escola de Belas Artes do Paraná e da Banda da Guarda-Mirim de São José dos Pinhais.

Preferências

Quando não está trabalhando, Clarice ouve Bach, Mozart e muito jazz, preferência do marido. Além de Bach, Liana inclui em seu playlist Beethoven, Diana Krall, Chico Buarque, Elis Regina e Billie Holiday. As duas ainda ouvem muito Nelson Freire, Antonio Menezes e o jovem catarinense Pablo Rossi.

Mais informações no site www.formacaodeplateia.com.br

As musicoterapeutas Liana Justus e Clarice Miranda fizeram a mesma faculdade, mas em to­­do o período do curso nunca se viram, já que estudavam em turnos diferentes. Muitos anos depois, casadas e com os filhos adultos, se conheceram em um evento, e uma breve conversa foi suficiente para perceberem inúmeras afinidades pessoais e profissionais.

Decidiram estudar música juntas, pelo simples prazer de se aprofundar em algo que já fazia parte de suas vidas – Liana atuava como professora de música e Clarice foi solista soprano de vários grupos vocais da cidade. Em um curso que fizeram no Centro Cultural Solar do Rosário, foram convidadas pela proprietária, Regina Casillo, a desenvolver, elas mesmas, um curso.

Nas saídas dos concertos que frequentavam eram dardejadas por perguntas básicas sobre música e ouviam comentários absurdos como, por exemplo, o de alguém que afirmou ter adorado o trombone após assistir a uma apresentação de um concerto de cordas! "Estas dúvidas foram aguçando na gente a vontade de esclarecê-las", conta Clarice.

O curso que criariam se transformaria, então, em um projeto inovador que este ano completa 15 anos ininterruptos. "Desde o primeiro dia tivemos sucesso porque era algo que ninguém fazia", contam. É o projeto Formação de Plateia em Música, que teve como ponto de partida o Solar do Rosário, onde ainda realizam um curso anual, e que se espalhou pelas principais cidades do país e Miami, nos Estados Unidos.

Dúvidas cruéis

Nos encontros com os alunos, Clarice e Liana transmitem uma grande variedade de conhecimentos musicais que almejam, in­­clusive, esclarecer "dúvidas cruéis", como qual a estrutura da orquestra sinfônica, qual a im­­portância do maestro, o que é a ópera, quais são os principais in­­térpretes do momento, o que é sin­­fonia, qual o momento certo para aplaudir, entre outras. Há até mesmo orientações sobre co­­mo se comportar nos teatros. "Mas tudo é acompanhado por uma contextualização histórica", contam.

Antes de falar sobre Johann Sebastian Bach, por exemplo, oferecem como aperitivo algumas noções sobre o momento histórico em que o organista e compositor barroco viveu. "Contamos sobre os hábitos alimentares, o modo como as pessoas se vestiam, o que comiam, como eram os casamentos, que instrumentos existiam na época", conta Clarice.

Um pequeno estúdio na Rua Padre Anchieta, com estantes repletas de livros, CDs, DVDs, revistas, entre outros materiais perfeitamente catalogados em sessões como "música erudita", "música no cinema", "jazz" ou "música brasileira erudita", é o "oásis" onde as duas se refugiam do mundo para preparar palestras em que abusam de recursos multimídia. "Mostramos inúmeros trechinhos de música e fazemos questão que eles sejam ouvidos com boa qualidade sonora", conta Liana.

O sucesso do projeto se deve, na opinião das duas, à extrema simplicidade com que falam de música clássica, um gênero que costuma assustar os leigos. "Quando se fala em música, principalmente clássica, a primeira coisa que se diz é ‘eu gosto, mas não entendo’. Isso porque o Brasil não oferece educação musical nas escolas", diz Liana. Em suas andanças pelas periferias, as duas comprovaram a falácia de se dizer que as pessoas mais pobres não têm interesse por música clássica.

Em uma destas palestras, na Rua da Cidadania do Boqueirão, falavam sobre a ópera Aída a um auditório lotado com "crianças de chinelo de dedo e mães amamentando", quando foram abordadas pelo diretor do Circuito Cultural Banco do Brasil, que assistia a tudo anonimamente. "Ele nos contratou e, durante dois anos, fizemos palestras pelo Circuito em 17 capitais do país", contam. Depois, ainda ministrariam cursos, por seis anos, nos Centros Culturais do banco em São Paulo, Rio Janeiro e Brasília. "O público tinha de pegar a senha para participar, de tanto interesse que havia", lembram.

Seja em Miami, onde foram a convite do Centro Cultural Bra­­sil-Flórida, ou nas escolas públicas da periferia de São Paulo, as perguntas são exatamente as mesmas. "Ninguém chora quadrado e outro redondo, a lágrima é igual para todos. Com a mú­­sica é a mesma coisa", conta Clarice.

O projeto agrada não só ao público, que desenvolve o senso crítico em relação à música, mas aos artistas, que ganham uma plateia cada vez mais variada e sensível. "O projeto não só prepara o público, como valoriza o artista", dizem as musicistas, que frequentemente contam com o apoio dos músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná, da Camerata Antiqua de Curitiba e da Orquestra de Câmara da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. "Eles se apresentam nos nossos cursos, fazem parte da nossa história", diz Liana.

Serviço

Concerto Lírico, com os cantores do Master Class e a Orquestra Sinfônica do Paraná, com regência de Alessandro Sangiorgi. Durante o concerto, haverá homenagem aos 15 anos do projeto de Formação de Plateia em Música. Teatro Guaíra (R. Conselheiro Laurino, s/n.º), (41) 33040-7982. Hoje, às 10h30. Ingressos a R$30 (plateia) e R$20 (1º e 2º balcão). Desconto de 50% para portadores do Cartão Teatro Guaíra.

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