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Vincent Villari e Guilherme Bryan: parceria de 14 anos | Roberto Stelzer/Divulgação
Vincent Villari e Guilherme Bryan: parceria de 14 anos| Foto: Roberto Stelzer/Divulgação

Livro

Teletema — Vol. 1 —1964 a 1969

Guilherme Bryan e Vincent Villari. Dash, 512 págs., R$ 69.

O jornalista Guilherme Bryan tinha a certeza de que o resultado da empreitada compensaria o exaustivo esforço. "Afinal, a gente estava trabalhando com duas das três grandes paixões brasileiras! ", argumenta ele, que enfim pode apresentar o seu filho: Teletema (Editora Dash), obra que traça uma história da música popular por meio da teledramaturgia brasileira, e cujo primeiro volume (cobrindo os anos de 1964 a 1989) chegou às livrarias na última terça-feira.

Parceiro de Bryan no livro, o autor de novelas Vincent Villari (que escreveu Ti Ti Ti e Sangue Bom com Maria Adelaide Amaral) chama a atenção para o fato de os LPs e compactos de novelas terem sido "o primeiro cruzamento de mídias da história da indústria cultural brasileira".

"Sempre houve um preconceito em relação a esses discos, como se eles fossem produtos popularescos, feitos só para vender. No entanto, houve muitas músicas que transcenderam essas trilhas", diz ele, que também é colecionador de discos (seu acervo é a base da pesquisa do livro) e que conheceu Bryan 14 anos atrás, quando o jornalista estava preparando um livro sobre a cultura jovem do Brasil nos anos 1980 (Quem Tem um Sonho Não Dança, da Record).

Ao todo, para Teletema eles conduziram 130 entrevistas, com artistas da MPB, autores de novela e figuras fundamentais para a história das trilhas, como Salatiel Coelho (o primeiro sonoplasta da teledramaturgia nacional), o jornalista Nelson Motta e o produtor Guto Graça Melo (responsável por trilhas clássicas da Globo, a partir do meio dos anos 1970, com composições originais de grandes da MPB).

Formato

Aos poucos, Bryan e Villari foram descobrindo o formato ideal para Teletema. E logo chegaram à conclusão de que era melhor dividir a obra em dois volumes. O primeiro (que ficou com 512 páginas) se subdivide em quatro períodos: entre 1964 e 1968 (as primeiras trilhas), 1969 a 1974 (quando a TV Globo entra forte no mercado), 1975 a 1985 (quando o produto chega a seu auge, e compositores consagrados entram na história) e entre 1986 e 1989 (o período mais expressivo de vendas dos discos de novela). Estão lá de A Deusa Vencida (TV Excelsior, 1965) a Pacto de Sangue (Globo, 1989).

Detalhes curiosos não faltam ao livro. A trilha internacional de Selva de Pedra (1972), por exemplo, vendeu 400 mil cópias e produziu um fenômeno: "Rock’n’roll Lullaby", do cantor B.J. Thomas, tornou-se um grande sucesso no Brasil... e em nenhum outro lugar do mundo. O mesmo aconteceu com "Skyline Pigeon" (de Elton John, incluída na trilha de Carinhoso, de 1973). E nada raros são os artistas da MPB que se notabilizaram por causa de música em novela, como o cearense Ednardo, que se viu transformado em um astro da noite para o dia depois que seu "Pavão Mysteriozo", gravada dois anos antes, entrou em Saramandaia, de 1976.

A relação entre a teledramaturgia brasileira e a música sempre foi uma via de mão dupla. Os autores de "Teletema" lembram de canções que, além de servir para fazer as aberturas das novelas, ajudaram a dar nome a elas. Dos versos de "Whisky a Go-go", do Roupa Nova, por exemplo, saiu o título Um Sonho a Mais (1985). O mesmo aconteceu com Coração Alado (1980), cujo nome veio da letra da canção "Noturno", de Fagner, tema que faria a introdução para o show de emoções da novela de Janete Clair.

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