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Repertório é todo de composições de Valle – a maioria cantada apenas por Stacey | Divulgação
Repertório é todo de composições de Valle – a maioria cantada apenas por Stacey| Foto: Divulgação

CD

Marcos Valle & Stacey Kent – Ao VivoMarcos Vale e Stacey Kent, com participação de Jim Tomlinson. Sony/BMG. R$ 29,90. Jazz/MPB.

Continuamente redescoberto desde que passou a figurar nos toca-discos de DJs europeus na década de 1990, o cantor e compositor carioca Marcos Valle diz que as coisas têm ido até ele para serem abraçadas. É assim com o público jovem que encontra em suas frequentes turnês pelo Velho Continente; com os recentes relançamentos por um selo americano dos LPs Garra (1971), Previsão do Tempo (1973), Marcos Valle (1970) e Vento Sul (1972) (dos dois últimos, respectivamente, vêm as faixas "Ela e Ela" e "Bôdas de Sangue", recentemente sampleadas pelos rappers Jay Z e Kanye West). Em 2012, teve seus dez primeiros discos reeditados pela EMI.

"Não é que eu não lute pelas coisas. Quando elas se apresentam, corro atrás, aproveito, gosto muito de trabalhar", diz Valle, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. "Mas tudo tem vindo de fora para mim. Eles vão lá, mergulham nas músicas e trazem isso tudo", conta o cantor, que completa 70 anos em setembro.

Com o disco comemorativo aos seus 50 anos de carreira, Marcos Valle & Stacey Kent – Ao Vivo, foi mais ou menos assim.

"Os organizadores de um show que teria vários artistas de diversos estilos em comemoração aos 80 anos do Corcovado em 2011 tiveram a ideia de me juntar com a Stacey, que é uma cantora de jazz das mais respeitadas, adora música brasileira e era fã da minha música. E não sabiam que eu era fã da Stacey, porque recentemente já a tinha ouvido e adorei", conta Valle.

Cantaram "Samba de Verão". A parceria revelou uma sintonia total entre os cantores e motivou um novo show no ano seguinte – desta vez com apresentações em Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro, só com músicas de Valle.

"Não havia ideia de CD, mas vimos que o show estava com uma força muito grande, estava bom demais para a gente. Fizemos a gravação por nossa conta para ver o que dava", conta o músico. "Quando ouvimos, adoramos. A mágica que tinha nos shows estava presente nas gravações."

Calhou de o repertório, montado a partir das canções de Valle que tinham letras em inglês, revelasse partes significativas de sua carreira.

Seis delas – "The Face of Love (Seu Encanto)", "The Answer (A Resposta)", "Summer Samba (Samba de Verão)", "Gente", "Passa por mim" e "If You Went Away (Preciso Aprender a Ser Só)" estão presentes no segundo LP de Marcos Valle – O Compositor e o Cantor (1965), que o consolidou como um dos maiores compositores da música brasileira. Duas, inéditas, trazem Stacey Kent em sua língua-mãe – "Drift Away", novíssima parceria de Valle com o australiano Peter Hall – e em domínio perfeito do francês – "La Petite Valse", tema originalmente instrumental letrado pelo compositor francês Bernie Beaupere.

Os arranjos são todos da lavra de Valle e do trompetista Jessé Sadoc, que os executa ao lado de Marcelo Martins (sax e flauta), Aldivas Ayres (trombone), Luiz Brasil (guitarra), Alberto Continentino (contrabaixo) e Renato "Massa" Calmon (bateria) em linguagem e sonoridade jazzística orientada pela presença de Stacey e do saxofone à Stan Getz de Jim Tomlinson (parceiro e marido da cantora). "É um disco ao vivo, orgânico, sincero. Para um amadurecimento de 50 anos se encaixa perfeitamente", comemora Valle.

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