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Era quase impossível ver lugares vazios no Teatro Positivo durante o show de Chitãozinho e Xororó, no sábado (24). | Fabiano Guma/Divulgação
Era quase impossível ver lugares vazios no Teatro Positivo durante o show de Chitãozinho e Xororó, no sábado (24).| Foto: Fabiano Guma/Divulgação

Quem comprou ingressos para o show da dupla Chitãozinho & Xororó para o sábado (24), em Curitiba, e esperava passar a noite ouvindo os clássicos da música sertaneja teve, no mínimo, uma surpresa. O cenário, que imitava ares do interior, os chapéus e as botas “de caubói” estavam realmente presentes, mas o que se viu no palco foi o encontro da MPB com as raízes sertanejas.

O espetáculo é fruto do último trabalho dos artistas, “Tom do Sertão” – projeto que vai virar DVD –, uma homenagem a Tom Jobim. As músicas do repertório foram escolhidas, segundo Chitãozinho, conforme a proximidade com o ritmo e as letras sertanejas. “A ideia do projeto é mostrar a maravilha que é a música do Tom Jobim para o público da música sertaneja”, ressaltou o cantor.

Já no palco do Teatro Positivo – onde era quase impossível ver lugares vazios –, os artistas destacaram as origens do campo de Jobim na composição das músicas “Chovendo na Roseira”, “Correnteza” e “A Chuva Caiu”, entre outras interpretadas pela dupla. “Creio que ninguém nunca imaginou que Tom Jobim escreveria sobre carro de boi, por exemplo”, citou Chitãozinho na interpretação de “Caminho de Pedra”.

Fabiano Guma/Divulgação

Os sucessos da carreira dos sertanejos, porém, não ficaram de fora da lista. A plateia, que chegava a ficar apática nos momentos de apresentação do novo trabalho – por desconhecimento ou estranhamento em relação aos clássicos da MPB na voz dos artistas –, logo se animava quando ouvia os primeiros acordes de “Disparada”, “Fio de Cabelo”, “Sinônimo” e “Evidências”. Entre os mais exaltados, houve até comentários do tipo: “Chega de Tom Jobim”.

O estranhamento aumentou ainda mais na interpretação de algumas músicas que ficaram pouco sonoras na transição da bossa nova para o sertanejo. A melancolia de “Chega de Saudade” e a complexidade da letra de “Águas de Março”, por exemplo, parecem não terem combinado com a raiz sertaneja dos artistas.

Mesmo com algumas reclamações, o público se obrigou a “tirar o chapéu” para a dupla na interpretação de “Como Nossos Pais”, sucesso eternizado na voz de Elis Regina. A versão sertaneja do clássico, aplaudida de pé pelos presentes, fez parte do DVD “Elis por Eles”, gravado em 2012 em Curitiba. “Romaria”, outra canção conhecida pela interpretação de Elis, também fez sucesso no show.

Não há como negar o esforço da dupla Chitãozinho & Xororó – bichos do Paraná, como eles mesmo ressaltam – pela inovação e reinvenção, características que mantém os artistas na estrada há 45 anos. Conhecidos por serem precursores da transição do estilo caipira para o sertanejo, a dupla parece caminhar agora pela preservação da cultura brasileira, numa época em que o sertanejo se afasta cada vez mais de suas raízes.

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