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A bailarina Carolina Walesko interpreta Sônia, de Valsa N.º 6, no espetáculo que marca os 30 anos da Téssera: caracterização de personagens do teatro é marca estética da companhia de dança | Christian Alves/Divulgação
A bailarina Carolina Walesko interpreta Sônia, de Valsa N.º 6, no espetáculo que marca os 30 anos da Téssera: caracterização de personagens do teatro é marca estética da companhia de dança| Foto: Christian Alves/Divulgação

Uma moça vestida de branco no limiar da loucura. A imagem combina com o universo de Nelson Rodrigues, e é dela que a companhia de dança Téssera, da Universidade Federal do Paraná, se apropria para montar Valsa N.º 30, que estreia hoje e fica até domingo no Teatro da Reitoria. O espetáculo é inspirado em Valsa N.º 6, monólogo escrito em 1951 pelo dramaturgo para a primeira vez que sua irmã caçula, Dulce, se apresentaria nos palcos.

VÍDEO: Veja um trecho da apresentação do grupo>>

A trama soturna, que envolve assassinato, sedução, culpa e solidão, ganha em mistério nessa adaptação para a dança contemporânea. "Essa se tornou a identidade estética do grupo: a caracterização de personagens do teatro", explica a coreógrafa Cristiane Wosniak. O momento é de reflexão, mas também de comemoração pelos 30 anos do coletivo (mensagem passada no título do trabalho).

A bailarina Carolina Walesko, que faz a protagonista Sônia, contracena com um grupo de outros 24 bailarinos, que servem de espelho a seu drama. Assassinada pelo médico da família aos 15 anos, ela inicia o espetáculo sem saber que está morta. Aos poucos, vai se dando conta da tragédia por que passou. "A peça é densa, com camadas de interpretação", explica Cristiane.

Se no original Nelson exige que a atriz toque ao piano a "Valsa N.º 6", de Chopin, aqui o instrumento aparece estilizado e a trilha sonora, a cargo de Cesar Sarti, usa "todas as valsas possíveis", fazendo referência ao contexto musical dos anos 1950. Há canções de Orlando Silva, Nelson Gonçalves e Dalva de Oliveira, por exemplo.

No figurino, o uso de túnicas sugere a possibilidade lançada pelo texto de a personagem ter sido internada num hospício, e alude nos momentos mais sombrios à mortalha de Sônia.

Centenário

Valsa N.º 30 encerra um trio de espetáculos que marcaram o aniversário da Téssera ao longo deste ano. Primeiro foi remontado Arthur, que colocou os personagens da Távola Redonda num cenário repleto de círculos e brumas. Entre os desafios de interpretação, estavam gritos da personagem Morgana que se integravam à sonoridade misteriosa. No meio do ano foi a vez de Só em Acapulco, que abordou o exílio americano do dramaturgo alemão Bertolt Brecht nos anos 1940, com coreografia de Rafael Pacheco.

Para a última montagem, o grupo decidiu homenagear o centenário da universidade dentro da qual surgiu, que será comemorado ano que vem – assim como os 100 anos de nascimento de Nelson Rodrigues.

Serviço

Valsa N.º 30, com a Téssera Companhia de Dança da UFPR. Coreografia de Cristiane Wosniak. Teatro da Reitoria (Rua XV de Novembro, 1.299), (41) 3360-5066. Dias 30 de novembro a 4 de dezembro, às 21 horas. Entrada franca.

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